Resumo

O movimento para igualdade de gênero a partir de associações organizadas em redes é um fenômeno recente, mas que tem mobilizado muitos indivíduos a se integrarem nesta nova estrutura organizacional. Este trabalho buscou analisar a configuração de duas experiências capitaneadas por mulheres executivas que visam promover a equidade de gênero no universo corporativo. Observa-se que as concepções de gênero são associadas aos setores da atividade econômica e às atividades profissionais, com consequências para os percursos profissionais de homens e mulheres.

Esse trabalho busca responder às seguintes perguntas de investigação: a) Como se configuram as redes capitaneadas por mulheres executivas que atuam no Brasil para a promoção da equidade de gênero no mundo corporativo?; b) De que maneira tais redes têm atuado para reduzir as desigualdades entre homens e mulheres nas empresas, principalmente no que se refere às disparidades em posições de liderança? Buscou-se investigar o fenômeno de formação de redes tecidas por mulheres executivas com vistas à equidade de gênero no universo corporativo.

Os integrantes de grupos minoritários são os mais afetados com a exclusão social e a falta de mobilidade, como é o caso das mulheres. Desta forma, o gênero é considerado fator crítico na estruturação dos tipos de oportunidades e chances que os indivíduos e grupos encontram na vida, e influencia os papéis que eles desempenham em instituições sociais (GIDDENS, 2012). A dificuldade de ascensão de mulheres a postos mais elevados nas organizações tem mobilizado profissionais ao exercício de ações coletivas no universo corporativo (TONELLI; ANDREASSI, 2013).

Por meio de uma análise exploratória, buscou-se investigar o fenômeno de formação de redes tecidas por mulheres executivas com vistas à equidade de gênero no universo corporativo. Foram escolhidas duas associações, sediadas na capital de São Paulo. A estratégia de investigação foi o estudo de casos múltiplos. O processo de coleta de dados contemplou o recolhimento de informações prévias a partir de documentos impressos e digitais e por meio de entrevistas semiestruturadas em profundidade. A análise e tratamento de dados foram realizados por meio de análise de conteúdo.

Um fator relevante sobre o universo corporativo relaciona-se a inexpressiva presença das mulheres em postos de liderança. Uma boa parte das mulheres gerentes tem desinteresse em ascender para posições hierárquicas de primeiro escalão pela dificuldade de conciliação entre as diferentes esferas da vida. Mas, participar de iniciativas em rede além de ajudar a se desenvolver e a crescer na carreira, ajuda no contato com mulheres de outros países, facilita a recolocação profissional, estrutura uma mudança na carreira e aumenta a visão de mundo.

As redes apresentam o engajamento de mulheres empoderadas, em posições de liderança nas empresas, que procuram influenciar o meio empresarial a partir de debates e por meio de estudos pertinentes sobre as vantagens para as empresas de uma liderança equilibrada de gênero. Ambas estudam maneiras de integrar e apoiar profissionais mais jovens. No entanto, pressupõe-se que o núcleo representativo das redes não procurou minimizar os desequilíbrios internos de representação no que se refere à identidade das mulheres em geral.

BRUNSTEIN, J.; JAIME, P. Da Estratégia Individual À Ação Coletiva: Grupos De Suporte E Gênero No Contexto Da Gestão Da Diversidade. RAE-eletrônica, São Paulo, v.8, n. 2, art. 9, p. 1-33, jul./dez., 2009. GIDDENS, A. Sociologia. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012. JAIME, P. Para além das pink collars: Gênero, trabalho e família nas narrativas de mulheres executivas. Civitas-Revista de Ciências Sociais, Porto Alegre, v. 11, n. 1, p. 135-155, jan./abr. 2011. TONELLI, M. J.; ANDREASSI, T. Mulheres empreendedoras. GV-executivo, [S.l.], v. 12, n. 1, p. 50-53, jan. 2013.