Resumo

Estudos mostram que as empresas que pertencem a essas aglomerações geográficas tendem a ser mais inovadoras e a alcançar desempenho econômico superior às isoladas (Marshall, 1920; Saxenian, 1994; Audretsch & Feldman, 1996; Capello & Faggian, 2005; Bell, 2005; Giuliani, 2010). Contudo, as justificativas a respeito do fato de alguns clusters conseguirem gerar mais inovações que os outros ainda são discutidas, instigando a uma maior exploração a respeito da sua relação com as firmas.

Diante disso, a presente pesquisa busca responder a seguinte questão: como o cluster gera inovações para as firmas nele inseridas? Sendo assim, o presente artigo tem como objetivo compreender como o cluster gera inovações para as firmas nele inseridas. Para tanto, realizou-se uma pesquisa exploratória com dois clusters em contextos e estágios de desenvolvimento distintos, no Brasil e na França.

A relação positiva entre firmas inseridas em clusters e a sua alta capacidade de inovação tem despertado o interesse em diversos estudiosos, contudo, ainda não se chegou a um consenso da razão pela qual essas empresas são mais inovadoras do que as isoladas. Os estudos recentes apontam que a inovação ocorre de maneira não homogênea dentro dessas interações, em função das distintas capacidades das firmas e dos clusters, dos seus conjuntos de recursos e de sua trajetória (Giuliani, 2007; Pe’er & Keil, 2013; Lai et al., 2014).

A presente pesquisa foi desenvolvida sob uma abordagem qualitativa exploratória uma vez que busca entender um fenômeno ainda desconhecido. O objetivo do estudo é compreender como o cluster gera inovações para as firmas nele inseridas. Para isso, foram selecionados dois clusters de contextos locais distintos e em diferentes estágios de desenvolvimento. Essa comparação teve com intuito compreender o fenômeno de forma aprofundada levando em consideração seu contexto e seu estágio de desenvolvimento, fatores influenciadores na geração de inovação do cluster.

Entende-se que os benefícios expostos atuam de maneira complementar e interdependentes, buscando proporcionar inovação para cluster e para as firmas, respeitando um processo de consolidação das diferentes unidades. Assim, tais evidências visam contribuir para o entendimento da razão pela qual algumas firmas inseridas em aglomerações são consideradas mais inovadoras que às isoladas e outras não. Depende do estágio de desenvolvimento do cluster e do tempo de inserção da firma na aglomeração geográfica.

Na análise da relação entre clusters e firmas, verificou-se que as firmas acabam se vinculando, inicialmente, a partir da gestão estratégica do cluster. Com isso, se tem acesso a uma rede de relacionamentos e a um aprendizado de conhecimentos capazes de promover mudanças nos processos e nos produtos das firmas. Com tudo isso, a propriedade se prepara para uma comercialização a partir da agregação de valor, possibilitando a obtenção de recursos estruturais, financeiros e humanos.

Menzel, M. P.; Fornahl, D. 'Cluster life cycles - dimensions and rationales of cluster evolution.In: Industrial and Corporate Change 19.1, pp. 205_238, 2010. Presutti, M, Boari, C.; Majocchi, A. Inter-organizational geographical proximity and local start-ups' knowledge acquisition: a contingency approach. Entrepreneurship & Regional Development, v. 25, n. 5-6, p. 446-467. 2013. Lai, Y.; Hsu, M.; Lin, F.; Chen, Y.; Lin, Y. The effects of industry cluster knowledge management on innovation performance. Journal of Business Research 67 734–739. 2014