Resumo

Título do Artigo

QUALIDADE DE VIDA DOS MÉDICOS RESIDENTES: ESTUDO DE CASO DE UM HOSPITAL DE ENSINO FEDERAL
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Palavras Chave

Qualidade de vida
Residência
Médicos

Área

Administração Pública

Tema

Gestão em Saúde

Autores

Nome
1 - Adriane Vieira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Escola de Enfermagem
2 - Fabiana Maria Kakehasi
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3 - Marilene Vale de Castro Monteiro
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4 - Lorrana Risi Moreira
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5 - João Antonio Deconto
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Reumo

O ingresso nos cursos de graduação e pós-graduação de medicina provoca mudanças no estilo de vida dos acadêmicos, em função de um processo de ensino-aprendizagem que exige intensa dedicação aos estudos, no qual estão presentes vários fatores estressantes. Enquanto modalidade de ensino de pós-graduação, a residência médica tem como finalidade promover a especialização clínica, no entanto, embora reconhecida como uma forma eficiente de capacitação profissional nos últimos anos ela tem sido submetida a críticas, em especial com relação a sobrecarga assistencial e a excessiva carga horária.
A carga de trabalho e a falta de experiência profissional são os fatores que mais podem contribuir para o desenvolvimento de crises adaptativas e transtornos mentais em médicos residentes. A ausência de monitoramento do estado emocional pode incorrer em maior risco para estados depressivos, consumo álcool e disfunções conjugais. Nesse contexto, pergunta-se: Qual o impacto da residência da qualidade de vida do médico? O objetivo deste estudo foi analisar a qualidade de vida dos médicos-residentes de um hospital de ensino federal, nos domínios psicológico, físico, relacional e ambiental.
O tema qualidade de vida (QV) tem sido objeto de investigação em diversas áreas de conhecimento, envolvendo os aspectos psicológicos, biológicos e sociais de indivíduos e sociedades. Identifica-se na literatura crescente esforço para identificar a natureza do sofrimento e do adoecimento entre residentes. Aisag et al (2010) e Handel, Haja e Lindsey (2006) apontaram a privação do sono e a incidência de depressão como os principais efeitos do processo de aprendizagem, Tironi et al. (2010) identificaram a raiva e a hostilidade, Rotenstein et al. (1987), destacaram o isolamento social e a fadiga.
O método de pesquisa adotado foi o levantamento (survey). O objeto de análise foi o programa de residência médica de um hospital de ensino federal localizado no estado de Minas Gerais, vinculado ao Sistema Único de Saúde. Os dados foram coletado por meio de questionário WHOQOL-Bref, composto por 26 questões, respondido por 265 médicos-residentes. Para a análise dos dados recorreu-se à estatística descritiva, com destaque para a média e desvio-padrão. Como não foi intenção da pesquisa buscar diferenças entre grupos constituídos, não foi necessário recorrer à estatística inferencial.
De acordo com os escores, a percepção quanto a qualidade de vida global (3,31) e geral da saúde (3,20), apontam para uma situação de não estar satisfeito nem insatisfeito com a condição. Os domínios Físico e Meio Ambiente foram aqueles que apresentaram as facetas com médias mais baixas, exigindo especial atenção para com os fatores: sono e repouso, sentimentos negativos, recursos financeiros, lazer, qualidade do ambiente físico. As facetas mais positivas da QV dos residentes médicos são: ambiente no lar, autoestima, mobilidade, ausência de dor e desconforto e de dependência de medicamentos.
Os resultados apontam para o comprometimento da qualidade de vida dos médicos residentes em todas os domínios do Whoquol. O quadro é complexo, uma vez que apenas três facetas pertencentes a domínios diferentes, receberam média igual ou superior a 4,0: mobilidade, autoestima e ambiente no lar. A situação mais grave está relacionada aos fatores privação de sono, sentimentos negativos e recursos financeiros insatisfatórios. Quando articulados, esses fatores podem afetar a disposição e a capacidade para o trabalho, favorecendo os sentimentos de desânimo, ansiedade, mau humor e até depressão.
ASAIAG, P.E.; PEROTTA, B.; MARTINS, M.A.; TEMPSKI, P. Avaliação da qualidade de vida, sonolência diurna e burnout em médicos residentes. Rev Bras de Educação Médica, v. 34, n. 3, p. 422-429, 2010. TIRONI, M. O. S. et al. Prevalência de síndrome de burnout em médicos intensivistas de cinco capitais brasileiras. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v.28, n.3., p.270-277, 2016. ROTENSTEIN, L.S. et al. Prevalence of depression, depressive symptoms, and suicidal ideation among medical students: a systematic review and meta-analysis. American Medical Association, v.316, n. 21, p.2214-2236, 2016