Resumo

O método etnográfico foi incorporado pela Administração em estudos organizacionais através da aplicação antropológica em estudos sobre cultura de comunidades. A Antropologia Social defende a análise das instituições humanas em um contexto, buscando sentido para processos e não apenas o que os assemelha ou distancia. Assim, cresce o uso da etnografia nos estudos de clima e cultura organizacional, identificando suas fragilidades e fortalezas, a relação do consumidor com os produtos e fazendo da observação participativa uma estratégia de humanização destes estudos (Cavedon, 2014).

Reconhecendo: que a etnografia contribui para humanizar a avaliação da relação dos trabalhadores com a organização; que contribui para compreender melhor o comportamento do consumidor em relação aos produtos ofertados pelas organizações; e que possui formato de escrita livre, avaliamos a importância de sua aplicabilidade no meio acadêmico. Neste artigo discutimos a interface do uso da etnografia na administração, seus limites e tensões, os avanços e possibilidades da antropologia dos negócios como estratégia de humanização dos estudos organizacionais, e a importância no ensino em administração

Percebemos relação da antropologia com administração desde a influência que o funcionalismo-estrutural inglês exerceu sobre a pesquisa realizada por Elton Mayo na usina de Hawthorne e na Escola de Relações Humanas no inicio do século 20. Trabalhos sobre desenvolvimento organizacional e diagnósticos sobre clima e cultura organizacional demonstram apropriação do conceito de cultura da Antropologia (DaMatta,1987; Mascarenhas, 2002).A Antropologia Aplicada, a docência em escolas de administração e participação em grupos de pesquisas sobre etnografias em empresas mostram interesse da antropologia.

Para antropóloga colombiana Aragón(2015) a Antropologia muda de paradigma ao ser introduzida nos estudos organizacionais. Os antropólogos se responsabilizam por explicar, em modelos teóricos, os modos do consumo humano e a relação entre os consumidores, marcas e produtos, rompendo resistências com a administração. A antropologia de negócios desvenda os valores culturais sobre as atitudes dos consumidores frente a um produto(Páramo, 2003) Chanlat(1994) alerta sobre melhoria da compreensão do homem ao se adotar postura antropológica nas organizações e a importância do fator humano nas empresas

Cresce o uso da etnografia em estudos organizacionais. Triangulação de métodos são suficientes para cumprir o ideal de observar de forma participativa as relações de trabalho e a realidade do comportamento dos envolvidos, pela forma como se expressam, pelo contexto histórico em que se encontram e a capacidade e sensibilidade do observador. Há mais cuidado com a análise detalhada e esclarecedora da vivência daqueles relacionados ao processo que se quer compreender.A antropologia de negócios se mostra produtiva, mas seu formato, escrita e objetivos sofrem tensões e devem ser melhor difundidos.

Aragón Garzón, C. (2015). El otro de la antropologia. Tensiones y conflictos en la práctica de la antropologia de negócios. Bogotá, Universidad del Rosario Chanlat, J. F. (Org.). (1994) O indivíduo na organização: as dimensões esquecidas. SP: Atlas, V. 1. DaMatta, R. (1987) Relativizando: uma introdução à antropologia social. RJ: Rocco Páramo, D. (2003). “Etnografía, una aproximación antropológica ao estudo del consumidor. Revista Colombiana de Marketing. v1, n1. Mascarenhas, A. (2002) Etnografia e cultura organizacional uma contribuição da Antropologia para a Administração. RAE SP, v42, n2