Resumo

Preliminarmente, é na busca natural pela causa dos acontecimentos na vida cotidiana que o desenvolvimento da Teoria de Atribuição Causal estruturou essa percepção de maneira científica e ordenada, estudando as vertentes e implicações dessa atribuição, incluindo as implicações emocionais e motivacionais do sucesso e fracasso acadêmicos. Nesse contexto, a concepção da reprovação do aluno, em disciplinas do curso, está aliada à rejeição e incapacidade, em uma abordagem complexa, que nega um ideal de sucesso, afetando a sua motivação para que a aprendizagem ocorra.

Esse trabalho investigou as causas percebidas como explicativas da reprovação discente em disciplinas no curso de Ciências Contábeis nas cidades de Salvador e de Feira de Santana, Bahia, a partir da Teoria da Atribuição de Weiner. Para tanto, demandou um relacionamento de variáveis independentes e dependentes, demonstrando como as relações entre elas podem contribuir na explicação desse fenômeno, de maneira a responder à questão: Quais são as causas explicativas atribuídas à reprovação discente em disciplinas no Curso de Ciências Contábeis nas Cidades de Salvador e de Feira de Santana?

A Teoria da Atribuição de Causalidade resgata o processo de desenvolvimento da motivação a partir das significações construídas pelo indivíduo ao avaliar a sua trajetória e os acontecimentos de que é sujeito, compreendendo aspectos que têm relevância no processo de motivação para a aprendizagem. Weiner iniciou a aplicação desta teoria na educação, verificando o desempenho de alunos com base nos julgamentos sobre as atribuições causais, em eventos de sucesso ou de fracasso. A reprovação do aluno em disciplinas é um evento de fracasso adequado para a construção de causas a partir desta teoria.

Esta pesquisa identificou as principais causas percebidas da reprovação discente, a partir de modelo conceitual, desdobrado em dezesseis hipóteses. Cujo desdobramento permitiu a construção de relações entre variáveis explicativas do fenômeno, de maneira que a reprovação percebida foi assumida como variável dependente e as variáveis independentes consistiram em: conhecimento prévio, reincidência em reprovações, tempo de estudo extra e formas de avaliações. Analisou-se uma amostra composta por 476 discentes que cursavam Ciências Contábeis no modo presencial nos turnos matutino ou noturno.

Os resultados indicaram que: a) o tempo de estudo extra e o nível de conhecimento prévio não conseguiram explicar a reprovação; b) existiu relação positiva entre reprovação percebida e formas de avaliação; c) dentre as formas de avaliação, aquelas com predominância de questões abertas possuem maior associação com a reprovação percebida e avaliações baseadas em trabalhos escritos possuem menor associação com a reprovação percebida; d) os discentes mais jovens e do gênero feminino se revelaram mais sensíveis à influência das formas de avaliação sobre o impacto na reprovação percebida.

A pesquisa permitiu contribuir em três discussões: a) as descobertas feitas nas atribuições relatadas, principalmente sobre avaliações sob a forma de Questões Abertas ou de Trabalhos Escritos, quando sugerem que um dos dois induz à reprovação; b) sobre a sinalização contextual por meio das hipóteses rejeitadas, devido ao confronto entre o direcionamento da base teórica e a realidade dos dados revelados na amostra; e c) quanto ao tema reprovação sob o enfoque da Teoria de Atribuição Causal na Contabilidade, considerando que os estudos ainda são incipientes a nível nacional.

Cornachione Junior, E. B., Cunha, J. V. A. D., De Luca, M. M. M., & Ott, E. (2010). O bom é meu, o ruim é seu: perspectivas da teoria da atribuição sobre o desempenho acadêmico de alunos da graduação em Ciências Contábeis. Revista Contabilidade & Finanças, 21(53), 1-23. Marcelino, I. A., Araujo, T. S., & Miranda, G. J. (2015). O Absenteísmo e suas consequências mais óbvias. Anais do Congresso USP de Iniciação Científica em Contabilidade, São Paulo, SP, Brasil, 12. Weiner, B. An attributional theory of achievement motivation and emotion. (1985). Psychological Review, 92 (4), pp. 548-573.