Resumo

O presente artigo refere-se à análise da percepção de turistas estrangeiros sobre viagem realizada ao Rio Negro (Amazônia), por meio de comentários enviados ao TripAdvisor. A possibilidade de se utilizar informações disponíveis em meio virtual facilita o contato com os registros de impressões de experiências de viagem, o que viabiliza a elaboração de diferentes estudos no campo da gestão do turismo. Realizou-se uma revisão da literatura sobre turismo e experiência de vida selvagem e também a análise de conteúdo a partir do conteúdo gerado pela amostra de 130 comentários de turistas.

A presente pesquisa tem por objetivo analisar a percepção de estrangeiros sobre viagem ao Rio Negro (AM) por meio dos comentários registrados no TripAdvisor.com e como este conteúdo gerado pelo usuário (CGU) pode afetar a percepção do turista interessado em viajar para o Rio Negro com base em comentários registrados em sites de viagem. Para a presente proposta elabora-se a seguinte pergunta de pesquisa: Como o CGU, no portal TripAdvisor, sobre impressões da viagem ao Rio Negro afeta a percepção de empresas de atividades turísticas e o comportamento do turista de experiência e vida selvagem?

Reynolds e Braithwaite (2001) propõem uma elaboração conceitual em relação à terminologia turismo de experiência e vida selvagem. O artigo de Filieri, Alguezaui e McLeay (2015) apresenta questões que norteiam o conteúdo gerado por mídia (CGM) e sua influência na escolha de um roteiro turístico pelo consumidor. O foco do estudo concentra-se no site do TripAdvisor e estrutura-se na análise de diferentes níveis de confiança. Em outro artigo sobre o TripAdvisor, Schuckert, Liu e Law (2016) refletem sobre as avaliações consideradas suspeitas, ao examinarem 41.572 pontuações registradas neste portal

130 comentários dos turistas estrangeiros, registrados no sítio do TripAdvisor foram obtidos no dia 20 de fevereiro de 2017, os quais foram transcritos para uma planilha, em que se inseriram os seguintes dados sobre nota de avaliação, número de caracteres do comentário, autor, país, mês, ano, quantidade de avaliações. Foram utilizados algoritmos de análise de sentimentos desenvolvidos em Python e a mineração de dados e da análise de conteúdo quantitativa foram elaborados por meio de packages (tm, snowBallC, entre outros) do software estatístico R, hoje um padrão para pesquisas deste tipo.

Ao se criar um algoritmo de análise de sentimentos, na linguagem Python, para os comentários classificando-os como positivo, negativo ou neutro, 52 comentários foram classificados como neutros, sete comentários negativos e 30 comentários positivos. A grande incidência de neutros sugere que haja vieses na base de dados para esta pesquisa. Não era esperado um número tão elevado de neutros, pois esse tipo de viagem turismo selvagem é geralmente uma viagem não aleatória. Sobre a procedência dos autores dos comentários, há turistas de diversos países e 12 deles que indicam serem residentes no Brasi

Pela incidência de um grande número de comentários identificados como neutros pelo algoritmo de análise de sentimentos, vislumbra-se a existência de vieses de pesquisa. Constataram-se nos comentários discrepâncias em termos de construção do discurso em inglês na perspectiva de falantes nativos, muitas das quais não são características de nativos ou fluentes nesta língua e, além disso, as figuras elaboradas a partir das palavras mais frequentes nos comentários evidenciam a falta de contextualização de alguns termos com a própria expressão de sentimentos em relação à viagem ao Rio Negro.

Filieri, R., Auguezaui, S. & McLeay, F. (2015). Why do travelers trust TripAdvisor? Antecedents of trust towards consumer-generated media and its influence on recommendation adoption and word of mouth. Tourism Management, 51, 174–185. Reynolds, P. C. & Braithwaite, D. (2001). Towards a conceptual framework for wildlife tourism. Tourism Management, 22(1), 31–42. Schuckert, M., Liu, X. & Law, R. (2016). Insights into Suspicious Online Ratings: Direct Evidence from TripAdvisor. Asia Pacific Journal of Tourism Research, 21(3): 259-272.