Resumo

Título do Artigo

AS MUDANÇAS NAS PRÁTICAS DE MERCADO RELACIONADAS À GESTÃO DA MORTE NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA COM BASE NO SÉCULO XIX
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Palavras Chave

Mercado da Morte
Secularização
Práticas de Mercado

Área

Marketing e Comportamento do Consumidor

Tema

Consumo, Sociedade e Materialismo

Autores

Nome
1 - ROSANA OLIVEIRA DA SILVA
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - LAPA
2 - DENISE FRANCA BARROS
UNIVERSIDADE DO GRANDE RIO PROFESSOR JOSÉ DE SOUZA HERDY (UNIGRANRIO) - Programa de Pós-Graduação em Administração

Reumo

Dados de mercado apontam que o setor de bens e serviços ligados à gestão da morte fatura em torno de R$ 7 bilhões por ano no Brasil, com crescimento médio anual de 8%. Contudo, apesar dos dados mostrarem que é importante que a administração e o marketing estudem tal mercado, ele ainda é negligenciado por ambas. Embora os seres humanos sempre tenham tido a necessidade de lidar com morte, nem sempre tais práticas foram atividades de mercado. Estudiosos localizam no século XIX a transformação de tais práticas sociais e culturais em práticas de mercado (KJELLBERG e HELGESSON, 2007).
Sendo assim, o objetivo do presente trabalho é resgatar a partir de uma perspectiva histórica as mudanças fundamentais nas práticas de mercado relacionadas à gestão da morte, visto que elas podem dizer muito sobre a configuração do mercado atual. De forma a atingir tal objetivo, nos parece importante reconhecer o contexto histórico como grande influenciador das práticas de produção, comercialização e consumo, isto é, das práticas de mercado. Walter (2005) aponta para o fato de acontecimentos históricos serem grandes influenciadores das práticas de mercado de gestão da morte.
A gestão da morte acontece independente de ser práticas de mercado ou não, mas antes dessa mudança de gestão, remetida ao século XIX (WALTER, 2005), as práticas não eram econômicas, ou pouco eram. Diferentemente, hoje o mercado entrou na lógica de consumo. Assim, práticas sociais e culturais são transformadas em práticas de mercado (KJELLBERG e HELGESSON, 2007). Portanto, esta pesquisa usa o conceito de práticas de mercado, quando resgata as mudanças fundamentais nas práticas relacionadas à gestão da morte no século XIX através da obra de Rodrigues (1997).
Esta pesquisa assume a perspectiva histórica (VIZEU, 2010). Assim, esta pesquisa optou por usar exclusivamente a pesquisa de Rodrigues (1997), “Lugares dos Mortos na Cidade dos Vivos”, como fonte de dados, para analisar às mudanças no mercado da morte à luz de Kjellberg e Helgesson (2007).
Identificou-se que as práticas relacionadas à gestão da morte eram dirigidas para a salvação da alma do morto, portanto, eram práticas sociais e culturais, sem grande participação de agentes do mercado. Após a secularização da morte elas são transformadas em práticas de mercado. As mudanças realizadas nas práticas de troca e normativas, foram impulsionadas pela prática representativa, visto que o mercado foi considerado insalubre. As práticas mudaram de gestão, passou da Igreja para o Município, contudo, ele ficou com o papel de regulador, e deu à Santa Casa da Misericordiosa parte da gestão.
Conclui-se que certas práticas relacionadas à Igreja Católica foram mantidas até hoje. Portanto, o RJ guarda raízes históricas extremamente ligadas àquela Instituição, por mais que o mercado tenha evoluído, no sentido de novas práticas e novos agentes. Também pode-se dizer que as práticas normativas, que regulam o mercado, surgiram a partir desse período. Esse século marcou a passagem das práticas sociais e culturais em práticas de mercado. Tal mercado passou a ser regulado e incluiu a saúde pública como uma de suas preocupações.
KJELLBERG, H.; HELGESSON, C. F. On the nature of markets and their practices. Marketing theory, v. 7, n. 2, p. 137-162, 2007. RODRIGUES, C. Lugares dos mortos na cidade dos vivos: tradições e transformações fúnebres no Rio de Janeiro. Prefeitura Da Cidade Do Rio de Janeiro Secretaria, 1997. VIZEU, F. Potencialidades da análise histórica nos estudos organizacionais brasileiros. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 50, n. 1, p. 3747, jan./mar. 2010. WALTER, T. Three ways to arrange a funeral: Mortuary variation in the modern West. Mortality, v. 10, n. 3, p. 173-192, 2005.