Resumo

Título do Artigo

DOMINÂNCIA DE TOMADORES E POUPADORES NAS COOPERATIVAS DE CRÉDITO: análise sob a ótica da teoria da agência
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Palavras Chave

Principal-principal
Conflito de interesses
Análise de dominação

Área

Estratégia em Organizações

Tema

Governança Corporativa

Autores

Nome
1 - MARIO NAZZARI WESTRUP
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE (UNESC) - UNACSA
2 - sílvio parodi oliveira camilo
Universidade do Extremo Sul Catarinense - UNACSA
3 - DIMAS DE OLIVEIRA ESTEVAM
UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE (UNESC) - PPGDS

Reumo

Em economias emergentes, o contexto institucional faz com que a execução do conflito de agência mais problemático, com a prevalência de propriedade concentrada, resultando em conflitos entre os acionistas controladores e acionistas minoritários. Em outras organizações, como as cooperativas de crédito, o conflito principal-principal também está presente, originado das relações de propriedade, controle e gestão. Neste estudo, importa analisar este tipo de cooperativismo, que embora tenha por princípio o mutualismo visa a satisfação de interesses particulares.
Grupos dominantes tendem a nortear decisões e comportamentos para benefício próprio, e identificar fatores que demonstrem essa tendência torna-se uma forma de evitar a dominância e até reequilibrar estes interesses. Com base neste contexto o trabalho possui a seguinte questão norteadora: Quais os fatores são determinantes de dominação, entre poupadores e tomadores, em cooperativas de crédito na região sul do Brasil? O objetivo deste trabalho é analisar os determinantes de dominância por membros tomadores ou poupadores de recursos nas cooperativas de crédito da região sul do Brasil.
Com os trabalhos de Taylor (1971, 1977 e 1979) se observou teoricamente o possível conflito entre tomadores e poupadores dentro das organizações cooperativas crédito, sob o prisma da teoria econômica da cooperação aplicada a essa tipologia de organização. Os estudos de Flannery (1974); Smith (1986); Patin e Mcniel (1991b); McKillop e Ferguson (1998) e Braga, Bressan e Braga (2012), trazem como resultados diferentes comportamentos quanto a dominação de tomadores, poupadores, ou ausência de dominância (cooperativas neutras).
Para atingir os objetivos da pesquisa se obteve acesso as demonstrações financeiras de 39 cooperativas singulares, representando 33,0% do sistema SICREDI-Brasil, e 84,7% das atuantes nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que totalizavam 46 em fevereiro de 2017. Delas foram extraídas 7.371 informações anualizadas, referentes ao período de janeiro de 2008 a dezembro de 2014 (07 anos) e tabuladas em painel. Os dados em painel podem detectar e medir efeitos melhor do que quando a observação é feita por meio de corte transversal puro ou série temporal pura.
Ao identificar as características de dominância das cooperativas se percebe a ausência de neutralidade nas cooperativas analisadas. Porém, as cooperativas atendem melhor em 83,52% dos casos os seus aplicadores, e em 99,63% dos casos os seus tomadores de crédito. A partir da determinação do Índice de Dominância, o presente estudo permite deduzir que as cooperativas de crédito avaliadas apresentaram dominação por membros tomadores entre janeiro de 2008 e dezembro de 2014 em 98,90% das observações. As variáveis apresentaram coeficientes estatisticamente significativos no índice de dominação.
Os resultados encontrados, como a dominância de membros tomadores em praticamente todas as cooperativas analisadas, e a ausência de cooperativas neutras, pode levantar um questionamento quanto a real função das cooperativas de crédito, sua sustentabilidade, e o seu comprometimento com os princípios norteadores do cooperativismo. Para mitigar os conflitos abordados pela teoria de agência, entre eles o conflito principal-principal, está a necessidade da adaptação de mecanismos de governança cooperativa para equilibrar interesses entre cooperados tomadores e poupadores.
BRESSAN V. G. F.; BRAGA M. J.; BRESSAN A. A. Análise da dominação de membros tomadores ou poupadores de recursos nas cooperativas de crédito mineiras, Economia Aplicada, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 339-359, jul. 2012. TAYLOR, R. A. The Credit Union as a Cooperative Institution. Review of Social Economy, United Kingdom, v. 29, n. 2, p. 207-217, 1971. PATIN, R. P; MCNIEL, D. W. Benefit imbalances among credit union member groups: evidence of borrower-dominated, saver dominated and neutral behaviour?. Applied Economics, United Kingdom, v. 23, n. 4, p. 769-780, 1991a.