Resumo

Título do Artigo

O COMÉRCIO JUSTO E SUA INTERFACE COM A SOCIOLOGIA ECONÔMICA: algumas possíveis interpretações desta relação
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Palavras Chave

Comércio Justo
Estudos Organizacionais
Sociologia Econômica

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Abordagens Relacionais às Organizações

Autores

Nome
1 - Laís Silveira Santos
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC) - ESAG
2 - Mauricio Serafim
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA (UDESC) - Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas

Reumo

A exploração de recursos para produção no mercado global tem levado a uma pressão sobre produtores relacionada a premissas do que Guerreiro Ramos (1989) denominou de “sociedade centrada no mercado”. Entretanto, nos últimos 30 anos, considerações sociais e ecológicas têm crescido fortemente, como a noção de consumo responsável. Estando evidente a necessidade de mudança e de repensar as formas de produção e comércio, surgem diversas inovações sociais, como o Fair Trade ou comércio justo.
Buscando fomentar a discussão do comércio justo dentro do campo dos Estudos Organizacionais, identificou-se a possibilidade de estudá-lo a partir da aproximação entre os Estudos Organizacionais e o instrumental crítico, analítico e teórico da Sociologia Econômica. Assim, este ensaio teórico tem como objetivo contextualizar o surgimento e a prática do comércio justo e realizar uma aproximação com problemáticas estudadas pela Sociologia Econômica interligadas aos Estudos Organizacionais.
O comércio justo iniciou como um movimento tradicional de organizações geralmente ligadas à Igreja Católica. À medida que esses movimentos ganharam força, iniciativas formais começaram a surgir, originando a Fair Trade Labelling definida como “Uma parceria comercial, baseada no diálogo, transparência e respeito, que busca [..] contribuir para o desenvolvimento sustentável, oferecendo melhores condições comerciais e garantir os direitos dos produtores e trabalhadores marginalizados” (WFTO, 2016).
Por se tratar de um artigo teórico, não houve procedimentos metodológicos de pesquisa de campo. Foi realizado um estudo bibliográfico para contextualizar a temática do comércio justo e, também, estudo bibliográfico sobre autores e teorias da Sociologia Econômica para fundamentar a sua discussão.
A prática do comércio justo gera um laço social entre os atores que não se esgota no único ato da troca. Constrói-se uma espécie de capital social e confiança como elemento contratual que exige a incorporação de ações substantivas como autorrealização, entendimento e valores emancipatórios (SERVA, 1997). Assim, as iniciativas de mercado justo corresponderiam às relações sociais densas de pessoas compartilhando um mesmo espaço político e social que poderiam policiar situações de oportunismo.
Buscou-se entender o comércio justo a partir das racionalidades substantiva e instrumental, do entendimento de mercado em Durkheim, Weber e Polanyi e, pela proposta das redes sociais e embeddedness. Foi possível perceber que o comércio justo não é uma alternativa que por si só altera a situação excludente do mercado dominante, mas sua prática fortalece a formação de um alternativo modelo de desenvolvimento e capital social baseado em relações contratuais de confiança e ações substantivas.
GUERREIRO RAMOS, Alberto. A nova ciência das organizações: uma reconceituação da riqueza das nações. Rio de Janeiro: FGV, 1989. SERVA, Maurício. A racionalidade substantiva demonstrada na prática. Revista de Administração de Empresas: São Paulo, v 37, n 2, p. 18-30, abr/jun, 1997. WFTO – World Fair Trade Organization – WFTO. Definition of Fair Trade. Disponível em: . Acesso em 16 jul. 2016.