Resumo

Título do Artigo

DESAFIOS PARA A INSERÇÃO DE COOPERATIVAS DE CATADORES NOS FLUXOS REVERSOS DE REEE: ESTUDO DE CASO DA COOPERMITI
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Palavras Chave

Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE)
Cooperativas de catadores
Logística reversa

Área

Gestão Socioambiental

Tema

Gestão Ambiental

Autores

Nome
1 - Jacques Demajorovic
Centro Universitário da FEI-SP - Administração
2 - Eryka Eugênia Fernandes Augusto
Centro Universitário da FEI-SP - São Paulo
3 - Gustavo Rodrigues Ventre
CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO EDUCACIONAL INACIANA PE SABÓIA DE MEDEIROS (FEI) - São paulo

Reumo

O aumento exponencial do consumo de Equipamentos Eletroeletrônicos (EEE) no mundo e a percepção do risco socioambiental associado aos Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEE) influenciaram a evolução das leis ambientais, obrigando empresas de EEE a implementarem a Logística Reversa (LR). No Brasil, a LR se tornou obrigação com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que privilegia a inclusão das cooperativas de catadores na LR (AUGUSTO, 2014).
Esta parceria pode gerar benefícios econômicos e socioambientais para ambos lados (DEMAJOROVIC et al., 2014). Entretanto, é preciso conhecer os riscos e desafios para as cooperativas ao trabalharem com materiais mais complexos e alto potencial de impacto socioambiental, e como está o processo de aproximação entre as partes para viabilizar a LR em parceria. Esta pesquisa discute desafios e perspectivas para a inserção de cooperativas de catadores como fornecedores de serviços na LR de REEE.
A PNRS, obriga o setor de EEE implementar a LR com a responsabilidade compartilhada, incluindo cooperativas de catadores. Dessa forma, as cooperativas atuariam na coleta e separação, com venda direta à indústria e maior valor dos REEE, reduzindo sua vulnerabilidade (DEMAJOROVIC et al., 2014). Mas, devido à complexidade dos REEE, falta de capacitação operacional e gestão, segurança e respaldo econômicos das cooperativas, o setor de EEE não se mostra motivado a incluí-las na LR (AUGUSTO, 2014).
Optou-se por uma pesquisa de natureza qualitativa. A estratégia utilizada foi um estudo de caso longitudinal de 2012 a 2016 na primeira cooperativa de catadores do país a trabalhar apenas com REEE (EISENHARDT, 1989). Foram feitas entrevistas com roteiro de questões aberto envolvendo representantes da cooperativa e do setor Prefeitura de São Paulo que cuida da coleta seletiva. O tratamento de dados utilizou análise de conteúdo, com a criação de categorias de análise para facilitar o processo.
Os resultados mostram a evolução das operações da Coopermiti, com conquistas de certificações importantes, como a ISO 9001 e 14001, diminuição da rotatividade dos cooperados e aumento do interesse de fabricantes, grupos internacionais e grandes geradores de REEE em construir parcerias de coleta e comercialização. Ainda assim, a ausência de remuneração dos serviços da cooperativa para viabilizar financeiramente os serviços de coleta, separação e destinação de REEE desafiam sua sustentabilidade.
A PNRS, ao reconhecer o trabalho das cooperativas de catadores e propor a inclusão na LR, contribuiu na promoção de trabalho digno a eles. Mas percebe-se que setor de EEE só irá incluir cooperativas que já estejam estruturadas de forma eficiente. Nesse sentido, a parceria da Coopermiti com a Prefeitura e grandes geradores foi importante para sua estruturação e aumento da coleta de REEE. Entretanto, sua inserção no fluxo reverso, se ocorrer, será após a assinatura do acordo setorial.
AUGUSTO, E.E.F. Logística reversa de computadores e celulares: desafios e perspectivas para o modelo brasileiro. 2014. 157f. Dissertação (Mestrado em Adm.). Centro Universitário FEI, SP, 2014. DEMAJOROVIC, J.et al. Integrando empresas e cooperativas de catadores em fluxos reversos de resíduos sólidos pós-consumo: o caso Vira-Lata. Cadernos EBAPE, vol.12, p.513-532, ago 2014. EISENHARDT, K. M. Building theories from case studies. The Academy Management Review. vol. 14, n. 4, p. 532-550, out 1989.