Resumo

Muitos autores são unânimes na afirmação de que o empreendedorismo é importante para o desenvolvimento e elevação dos padrões de competitividade regional e nacional (GOMES et al, 2009; MASSAINI et al, 2012). Desde o final do século XX, tem crescido a representatividade e a importância da mulher no cenário empresarial e nas iniciativas empreendedoras no país. Diante disso, a produção científica nacional carece de um número maior de pesquisas responsáveis por conhecer de forma mais aprofundada as peculiaridades do empreendedorismo feminino.

Na perspectiva de maior compreensão do empreendedorismo feminino se insere este estudo que faz parte de um trabalho investigativo mais amplo sobre empreendedorismo e gênero. Este artigo, em específico, tem o propósito de investigar o perfil da empreendedora de pequenos negócios. Assim, essa pesquisa pretende resolver o problema: Qual o perfil da mulher empreendedora de pequenos negócios em Feira de Santana, Bahia?

Hisrich et al (2009) diz que o empreendedorismo pode ser compreendido como a criação de algo inovador com a geração de valor, investindo tempo, envidando esforços, arriscando-se financeira, psíquica e socialmente, recebendo, em contrapartida, algumas recompensas, como satisfação, realização pessoal e independência financeira. Schmidt e Bohnenberger (2009) elencam oito características que definem o empreendedor: Auto-eficaz; Assume riscos calculados; Planejador; Detecta Oportunidades; Persistente; Sociável; Inovador; Líder.

Esta pesquisa utilizou uma abordagem qualiquantitativa e, como método de análise do material empírico, o Discurso do Sujeito Coletivo. Esse método propõe contemplar informações comuns a distintos discursos individuais, reconstruindo-os num pensamento coletivo. O DSC está apoiado em três operadores: as expressões-chave (ECH); a ideias centrais (IC); e o próprio discurso do sujeito coletivo (DSC). As ECH são partes extraídas literalmente do discurso. A IC é uma síntese das ECH. O DSC é a reunião de todas as ECH agrupadas ou IC que contemplam o conteúdo de uma representação social.

Foram encontradas 26 ICs As mais frequentes foram: Ser corajosa e assumir riscos, Ser criativa e gostar de inovar, Ser líder, Relacionar-se bem com clientes e funcionários, Agir com iniciativa e dinamismo, Agir com profissionalismo e foco no cliente, Ser organizada, Adaptar-se a novas realidades e mudanças, Ser otimista, Ser dedicada e detalhista, Agir apostando e acreditando nas próprias ideias, Valorizar a aprendizagem constante, novos conhecimentos em geral e em gestão, Ser inquieta, buscando sempre novos projetos e desafios, Ser persistente, Ser determinada.

As ideias encontradas fora agrupadas e categorizadas em habilidades do empreendedorismo feminino. Habilidades de Autoconfiança; Habilidades de Proatividade e Dedicação ao Negócio; Habilidades de Liderança e Relacionamento Interpessoal; Habilidades Mercadológicas; Habilidades Criativo-Inovadoras; Habilidades de Persistência e Otimismo em relação ao Êxito do Negócio; Habilidades de Organização; Habilidades Estratégicas e de Planejamento; Habilidades de Valorização da Aprendizagem em Geral e em Gestão.

LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C; COSTA MARQUES, C. DA. Discurso do sujeito coletivo, complexidade e auto-organização. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p.1193-1204, 2009. McCLELLAND, D. C. A sociedade competitiva: realização e progresso social. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 1972. SCHIMIDT, S.; BOHNENBERGER, M. C. Perfil Empreendedor e Desempenho Organizacional. RAC, v. 13, n. 3, art. 6, p. 450-467, 2009. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 5. Ed. Rio de Janeiro: ckEmpreende/ LTC, 2015.