1 - Íris Alves Miranda Negrão UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) - ICSA
2 - Thiago Poleto UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) - Programa de Pós-Graduação em Administração
3 - Marinalva Cardoso Maciel UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) - Programa de pós-graduação em Administração
4 - Itamar Rogério Pereira Gaudêncio POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - ESTADO-MAIOR 8ª SEÇÃO
5 - Ligiane Cristina Braga de Oliveira Friaes UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA) - Instituto de Ciências Exatas e Naturais
Reumo
As mulheres começaram a ingressar nas polícias militares do Brasil a partir do ano de 1955, a expansão da entrada das mulheres na polícia se intensificou a partir de 1980, quando foram criadas companhias específicas para mulheres. No estado do Pará, o marco de entrada das mulheres foi em 1982 com funções específicas de cuidar dos idosos, mulheres e crianças, fazendo um policiamento mais preventivo, desempenhavam o papel histórico das policiais femininas, que eram funções alinhadas aos papeis tradicionais femininos.
A discriminação e o preconceito direcionados às mulheres atrelados a ausência de investigações, dificultam o progresso de políticas que poderiam facilitar a integração e o avanço das policiais femininas nas organizações policiais. O objetivo da pesquisa é compreender as novas competências praticadas pelas mulheres, particularmente na instituição de policia Militar da Região Norte do Brasil. Nossa questão norteadora de pesquisa é: como as práticas e competências das mulheres policiais manifestadas na interseccionalidade de gênero afetam na carreira da mulher líder?
A inserção de lideranças femininas na polícia representou uma forma de promover a sensibilidade social e a diversidade de gênero em instituições de segurança pública (Taniguchi et al., 2023). Este processo de integração feminina à força policial destaca ações pré-concebidas quanto ao papel e as capacidades das mulheres na sociedade de atuar com igual competência (Cunningham and Ramshaw, 2020). Alcançar uma posição de liderança na polícia demanda competências técnicas, táticas e interpessoais e compromisso com a missão das organizações de segurança pública (Dupree, 2024).
A fim de garantir um aprofundamento no contexto, optou-se por um design qualitativo, as perguntas das entrevistas foram elaboradas para capturar as percepções das lideranças femininas na polícia militar, de modo a retratar as experiências no ambiente de trabalho. Foram coletados dados de 20 mulheres líderes na Polícia Militar do Pará, utilizando-se o método de amostragem por critérios (Marshall et al., 2021). Optou-se pela utilização do software MAXQDA para facilitar o gerenciamento e análise dos dados, os pesquisadores procederam à codificação minuciosa das transcrições.
Os resultados apontaram para novos aspectos associados às práticas de liderança feminina. O primeiro aspecto enfatiza a atenção aos recursos do grupo, realçando como a liderança foi eficaz ao investir em recursos culturais que detinham significado para os demais membros da equipe, promovendo assim uma identidade compartilhada, solidariedade e interesses comuns (Herrington and Colvin, 2016). O segundo aspecto, focado nas mulheres na polícia, salientou os papéis únicos que desempenharam no processo de investimento, assumindo riscos e encarregando-se de responsabilidades pessoais.
Esta pesquisa descreve o papel da liderança que as mulheres desempenham nas forças policiais, destacando as competências únicas e indispensáveis que trazem para a profissão. Os resultados revelam que as mulheres policiais possuem uma autoconsciência aguçada e habilidades para a liderança, contribuindo com soluções criativas para problemas complexos e uma disposição para enfrentar riscos. A capacidade de liderar, demonstrada através de ações que equilibram coragem e cautela e combinação sinérgica entre as competências.
Herrington, V. and Colvin, A. (2016), “Police Leadership for Complex Times”, Policing: A Journal of Policy and Practice, Vol. 10 No. 1, pp. 7–16, doi: 10.1093/police/pav047
Nelson, A. and Piatak, J. (2021), “Intersectionality, Leadership, and Inclusion: How Do Racially Underrepresented Women Fare in the Federal Government?”, Review of Public Personnel Administration, Vol. 41 No. 2, pp. 294–318, doi: 10.1177/0734371X19881681.