Resumo

Devido à crescente demanda dos investidores em relação aos impactos causados pelas atividades empresariais na natureza e na sociedade, as organizações têm implementado práticas de ESG (Environmental, Social and Governance) em seus modelos de negócios. Todavia, não existe consenso, na literatura, se as empresas brasileiras se beneficiam dessas práticas.

Os scores ESG influenciam o desempenho financeiro das empresas brasileiras listadas na B3? O estudo teve como objetivo verificar o efeito dos scores de ESG no desempenho financeiro das empresas brasileiras listadas na B3.

As práticas de ESG desempenham um papel essencial no desempenho corporativo, endossando a teoria dos stakeholders que enfatiza a necessidade de incorporação dos interesses de vários stakeholders nas operações das empresas, incluindo funcionários, consumidores, organizações comunitárias e meio ambiente (Cheng et al., 2024).

A amostra é composta por 264 empresas não financeiras, no período de 2013 a 2023. Os dados foram coletados na base de dados Refinitiv e analisados na forma de painel desbalanceado, por meio de testes estatísticos realizados no software Gretl. Devido a um problema de colinearidade referente à variável Setor com potencial altamente poluidor (POL), os testes também foram realizados com duas subamostras: empresas com alto potencial poluidor e demais empresas.

Os resultados demonstram que o ESG score não apresentou uma relação significativa com o market-to-book, tampouco com o Retorno sobre o Ativo. Comparando os resultados obtidos com os que foram encontrados na literatura acadêmica, conclui-se que os estudos que relacionam a performance ESG com o desempenho financeiro não produzem resultados consensuais.

Com base nos resultados, concluiu-se que o valor de mercado e a rentabilidade da empresa não estão significativamente associados ao desempenho ESG, o que pode ser explicado porque o ESG vem sendo adotado pelas organizações como um meio de prevenir riscos (Li, Wang, Sueyoshi, & Wang, 2021). Além disso, as pontuações ESG são influenciadas pela organização, uma vez que muitas métricas são divulgadas de forma voluntária (Clément, Robinot, & Trespeuch, 2023).

Cheng, R., Kim, H., & Ryu, D. (2024). ESG performance and firm value in the Chinese market. Investment Analysts Journal, 53(1), 1-15. https://doi.org/10.1080/10293523.2023.2218124 Clément, A., Robinot, É., & Trespeuch, L. (2023). The use of ESG scores in academic literature: a systematic literature review. Journal of Enterprising Communities: People and Places in the Global Economy. https://doi.org/10.1108/JEC-10-2022-0147 Li, T. T., Wang, K., Sueyoshi, T., & Wang, D. D. (2021). ESG: Research progress and future prospects. Sustainability, 13(21), 11663. https://doi.org/10.3390/su132111663