Responsabilidade Social Corporativa
Ética Organizacional
Hipocrisia Corporativa
Área
Gestão Socioambiental
Tema
Responsabilidade Social Corporativa (RSC)
Autores
Nome
1 - Eduardo Becher De Lima Bernardo UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - Curitiba
Reumo
A Teoria dos Stakeholders (1984) permitiu que as organizações fossem vistas como importantes atores em temas sociais, econômicos e ambientais, incorporando parte da Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e da ética na estratégia organizacional. Visto que as organizações socialmente responsáveis operam por discursos organizacionais e são ameaçadas pela noção de hipocrisia organizacional, este ensaio teórico objetiva analisar a RSC através das principais vertentes da ética organizacional enquanto mediadora na percepção de discurso organizacional e hipocrisia corporativa pelos stakeholders.
Tendo em vista a possível divergência entre as noções de “fazer o bem” e “fazer o certo” na concepção da empresa em relação aos stakeholders, entende-se que uma clarificação da abordagem ética utilizada no discurso de RSC pela organização mitigaria possíveis contradições morais, comportamentais e de atribuição. Com base nisso, este ensaio teórico busca sintetizar a relação das teorias éticas com o discurso organizacional e a hipocrisia corporativa, contribuindo para a discussão crítica sobre o tema e sugerindo estudos futuros a partir das descobertas e limitações encontradas.
Analisando-se a RSC e o discurso organizacional através de três correntes éticas principais (ética das virtudes, utilitarismo e deontologia), percebe-se que há diferentes discursos e diferentes condicionantes de hipocrisia corporativa com base nas distinções das premissas éticas. Cada teoria ética possui sua própria concepção sobre “fazer o bem” e “fazer o certo”, cabendo à organização refletir sobre suas atitudes internas (como a ética na liderança) e externas (como o posicionamento de marca) no sentido de assumir uma postura ética condizente com suas ações.
Para além do monismo ético (assumir uma abordagem ética), deve-se levar em consideração o pluralismo ético (assumir múltiplas abordagens) e o pragmatismo ético (noção particularista e dinâmica), considerando-se também o risco de incorrer em relativismos. Deve-se levar em consideração que a noção de hipocrisia ocorre internamente e externamente, podendo ser minada por uma forte liderança ética e um posicionamento de marca honesto. Como alternativo para o desenvolvimento da RSC e da ética na teoria e na prática, ressalta-se o papel das universidades na formação executiva ético-social.
Para manter uma boa reputação e evitar a inefetividade social e econômica das ações de responsabilidade social, as empresas precisam alinhar discurso e prática no sentido de evitar a percepção de hipocrisia corporativa por parte dos Stakeholders. Como limitação ao estudo, cita-se o foco no contexto ocidental e a predominância da Teoria dos Stakeholders. Sugere-se estudos em contextos culturais diversos, com base em outras concepções teóricas (Teoria Institucional, Teoria da Firma, etc) e a realização de estudos empíricos e revisões sistemáticas voltadas à teorização crítica da RSC e da ética.
Goel, M., Ramanathan, P. E. (2014). Business Ethics and Corporate Social Responsibility – Is there a Dividing Line?, Procedia Economics and Finance, 11(1), 49-59. http://dx.doi.org/10.1016/S2212-5671(14)00175-0
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Wagner, T., Korschun, D., Troebs, C.C. (2020), Deconstructing corporate hypocrisy: a delineation of its behavioral, moral, and attributional facets, Journal of Business Research, 114, 385-394. doi: 10.1016/j.jbusres.2019.07.041.