1 - Suelem Correia Garcia INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Formiga
2 - Daniel Fonseca Costa INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Campus Formiga
3 - Adriano Olímpio Tonelli INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Formiga
4 - Bruno César de Melo Moreira INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MINAS GERAIS (IFMG) - Campus Formiga
Reumo
O comportamento humano é influenciado por incertezas incorporadas ao julgamento, contribui com a manifestação de vieses cognitivos (Tversky & Kahneman, 1974). O excesso de confiança está dentre os diversos vieses identificados pela literatura (Tversky & Kahneman, 1974; Kahneman & Tversky, 1979; Kishor et al., 2020; Jain et al., 2022). No contexto corporativo, os empreendedores e gestores também estão suscetíveis à manifestação do viés de excesso de confiança. No entanto, existem desafios associados à construção de escalas validadas para análise do excesso de confiança em pequenos empresários.
Diante da importância do excesso de confiança para a compreensão das decisões e da limitação de estudos em prover uma compreensão adequada sobre como esse viés se faz presente nas decisões de pequenas empresas, este estudo tem como objetivo construir e validar uma escala para avaliar o excesso de confiança nos processos decisórios de pequenos empresários.
O excesso de confiança é um dos vieses cognitivos mais influentes no processo decisório (Pompian, 2012; Costa et al., 2017). Esse pode ser compreendido mediante a superestimação sobre a capacidade e desempenho reais (overestimation), sobre a superestimação do próprio desempenho em relação aos outros (overplacement) e sobre precisão excessiva em crenças futuras (overprecision) (Moore & Healy, 2008). No entanto, estudos utilizam instrumentos generalistas para analisar o excesso de confiança, deixando de analisá-lo no contexto corporativo, em especial nas decisões tomadas por pequenos empresários
A revisão da literatura, aliada às entrevistas conduzidas, proporcionou as bases para o desenvolvimento da escala, composta por 45 questões, destinadas a avaliar o excesso de confiança entre os pequenos empresários. A escala foi estruturada em cinco blocos e abordou as três dimensões teóricas do excesso de confiança conforme apresentadas por Moore e Healy (2008): Overprecision, Overplacement e Overestimation. Após o pré-teste, o questionário foi aplicado a uma amostra de 398 pequenos empresários, empresas com receita bruta anual (até R$4.800.000,00), por meio de uma escala Likert 7 pontos.
A escala contou com 15 por qual detém de dois fatores, denominados: overprecision e overestimate. O primeiro fator, denominado "Overprecision", compreende quatro variáveis. Sua nomenclatura é justificada pelo conteúdo das questões, que visam avaliar a precisão excessiva em estimativas futuras (Moore & Healy, 2008). Já o segundo fator, "Overestimate", compreende onze variáveis e visa avaliar a superestimação do seu próprio desempenho (overestimation), o que pode afetar a capacidade de avaliar com precisão os resultados reais, quanto a propensão em superestimar sua posição em comparação a outros
Destaca-se ainda que os resultados corroboram com o fator overprecision, coerente com estudos anteriores (Koellinger et al., 2007; Åstebro et al., 2014; Moore & Schatz, 2017), e com o fato de que a literatura não conseguiu identificar diferenças estáveis entre overplacement e overestimation (Moore & Schatz, 2017). Nesse sentido, os resultados permitem propor uma nova tipologia de overconfidence, denominada de Overestimate.
Hair, J. F., et al. (2014). Análise multivariada de dados (6th ed.). Porto Alegre: Bookman.
Kahneman, D., & Tversky, A. (1979). Prospect theory: An analysis of decision under risk. Econometrica, 47(2), 263-291.
Moore, D. A., & Schatz, D. (2017). The three faces of overconfidence. Social and Personality Psychology Compass, 11(8), e12331.
Moore, D. A., Tenney, E. R., & Haran, U. (2015). Overprecision in judgment. In D. A. Moore & A. M. Smith (Eds.), The Wiley Blackwell handbook of judgment and decision making (Vol. 2, pp. 182-209).