1 - Rodrigo Guimarães Motta PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO (PUCSP) - São Paulo
2 - Maria Amelia Jundurian Cora UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS (UFAL) - Administração campus Arapiraca
Reumo
Festas são práticas sociais e culturais que exaltam a vida em sociedade, Bezerra (2008) considera que é por intermédio das festividades que são celebradas as experiências e as representações identitárias, ou seja, durante as festas as pessoas atingem um alto grau de sociabilidade, ao mesmo tempo que mostra a relação que estas têm com o seu meio, refletindo o que pensam e sentem, valorizando certos lugares, manifestações culturais e grupos.
Concebidas por estudantes de Administração em 1991, as Economíadas são hoje realizadas por alunos de universidades de Administração, Economia, Contabilidade e Atuariais do estado de São Paulo. Dada a complexidade envolvida na realização das Economíadas, o objetivo desta pesquisa foi compreender a festa como uma organização que promove a aprendizagem pela prática daqueles que a organizam, trazendo uma interpretação da festa como artefato (produto) e como simbólico (significado) no espaço e na prática de aprendizagem.
O artigo se fundamenta na aprendizagem organizacional, que privilegia o estudo da forma como as organizações aprendem e a perspectiva das organizações, enfocando as experiências práticas bem-sucedidas e prescrevendo condutas sobre o que as organizações devem fazer para aprender. Além disso, toma-se como embasamento a aprendizagem baseada na prática, na qual o foco recai sobre o que se é praticado e como a prática gera aprendizagem das interações situadas na prática, por sua vez entendida e estudada do ponto de vista da situação e, por isso, situada e contextualizada.
A festa foi estudada a partir de uma etnografia, com coleta de informações baseada em observação participante e realização de entrevistas ocorridas durante as Economíadas de 2017. Na ocasião da visita ao evento, a fim de “mergulhar” na vivência dos integrantes do grupo, elegeu-se a observação participante, durante a qual foram entrevistados 103 alunos participando ativamente das Economíadas ocorridas de 2 a 5 de novembro de 2017.
Ao longo da análise, percebeu-se que a festa assegura um espaço de aprendizagem e inesperado, uma vez que cada festa é única e que na prática lida-se com os improvisos e se aprende com eles. Assim, na prática de se fazer a festa é que se aprende e é nesta aprendizagem experimentada que se garante a instrumentalidade necessária para a definição de estratégias de gerenciamento de recursos, desde a captação até a seleção de fornecedores, o monitoramento de contratos, a busca de parceiros, a realização de fluxos de caixa para pagamentos, lidando-se ainda com situações imprevistas.
A formação ainda incompleta dos estudantes e o caráter parcialmente esportivo das Economíadas permitem àqueles que participam de sua estruturação adquirir ampla vivência das práticas necessárias para uma gestão organizacional, além de uma grande aproximação com estudantes de outras faculdades, o que possibilita a criação de vínculos de amizade com pessoas que não se encontram presentes no seu dia a dia e a criação de uma rede de contatos com pessoas que futuramente poderão se tornar seus parceiros de trabalho.
BISPO, M. S. Estudos Baseados em Prática: Conceitos, História e Perspectivas. Revista Interdisciplinar de Gestão Social, [s. l.], v. 2, n. 1, p. 13-33, 2013.
DAVEL, E. P. B.; OLIVEIRA, C. A. A reflexividade intensiva na aprendizagem organizacional: uma Autoetnografia de práticas em uma organização educacional. Revista Organização & Sociedade, Salvador, v. 25, n. 85, p. 211-228, 2018.
GHERARDI, S. From organizational learning to practice-based knowing. Human Relations, [s. l.], v. 54, n. 1, p. 131-139, 2001.