Mecanismo de Controle
Reportes Financeiros-Gerenciais
Política de Incentivos
Área
Finanças
Tema
Contabilidade para usuários internos
Autores
Nome
1 - Matheus Borges Souza Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Departamento de Contabilidade e Atuária
2 - Daniel Magalhães Mucci Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Departamento de Contabilidade e Atuária
3 - Victor Oroña Claussen Mancebo Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade (FEA)
Reumo
Com a expansão dos negócios, empresas buscam novos mercados, exigindo equipes locais. As filiais são estratégicas, seja para logística ou acesso a recursos. A gestão dessas filiais é complexa e influenciada por fatores externos e decisões descentralizadas, gerando conflitos de agência (Eisenhardt, 1989). Para mitigar conflitos, usa-se "pay-for-performance" (Merchant & Van der Stede, 2008). A Teoria da Agência explica essas relações (Kostova, 2018), estudando controles financeiros e incentivos.
O estudo aborda mecanismos de controle na relação matriz-filial, explorando especificamente os controles via relatórios gerenciais/financeiros e políticas de incentivos. Identifica-se como lacuna de pesquisa, o aprofundamento em mecanismos de controle específicos, para entender a relação matriz-filial. O objetivo é investigar, a partir da perspectiva da filial, como mecanismos de controle podem incentivar ou mitigar conflitos de agência na relação matriz-filial.
A base deste trabalho circunda a discussão sobre os sistemas de controle gerencial tendo como base Merchant & Van der Stede (2008) e com foco nos controles de resultado. Esse tipo de controle envolve remuneração baseada em desempenho e reportes financeiros que capturam a relação matriz-filial e o conflito de agência (Eisenhardt, 1989). O suporte teórico é baseado na Teoria da Agência, lente utilizada pela literatura da contabilidade gerencial para investigar relações matriz-filial.
A pesquisa adotou o estudo de caso múltiplo. Foram coletados dados qualitativos por meio de entrevistas semiestruturadas com gestores de empresas do ramo farmacêutico. As entrevistas foram conduzidas com gestores de finanças e controladoria, totalizando três participantes analisados e uma entrevista-piloto. A análise de dados utilizou a técnica de análise de conteúdo, segmentando os relatos em categorias definidas para validar a proposição central da pesquisa sobre o controle exercido pela matriz e suas políticas de incentivos.
Os resultados indicam que as matrizes utilizam estruturas matriciais para influenciar e controlar suas filiais, destacando-se pelo intenso volume de reportes e reuniões, sobretudo nas vendas, o que reforça o controle exercido pela matriz. Assim, reportes são o principal meio de controle da matriz. Apesar da autonomia das filiais estar ligada a planos e orçamentos, as metas são impostas às filiais, sendo algumas arbitrárias que intensificam os conflitos. As metas das filiais são alinhadas com objetivos globais da matriz, embora haja participação das filiais na avaliação de gestores.
O estudo investigou como mecanismos de controle podem reduzir conflitos na relação matriz-filial em multinacionais farmacêuticas no Brasil. Os dados coletados revelaram que as matrizes exercem forte influência nas filiais, condicionando sua autonomia ao planejamento aprovado. Metas impostas de maneira top down foram vistas como potenciais causadoras de conflitos, por serem percebidas como pouco tangíveis ou arbitrariamente desafiadoras.
Eisenhardt, K. M. (1989). Agency Theory: An Assessment and Review. In Source: The Academy of Management Review (Vol. 14, Issue 1). https://www.jstor.org/stable/258191
Kostova, T., Nell, P. C., & Hoenen, A. K. (2018). Understanding Agency Problems in Headquarters-Subsidiary Relationships in Multinational Corporations: A Contextualized Model. Journal of Management, 44(7), 2611–2637. https://doi.org/10.1177/0149206316648383
Merchant, K., & Van der Stede, W. (2008). Management Control Systems: Performance Measurement, Evaluation and Incentives (Vol. 4).