Resumo

Título do Artigo

ASPECTOS MATERIAIS DOS RITUAIS DE CONSUMO DE CACHAÇA DE ALAMBIQUE
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Palavras Chave

Ontologias do Lugar
Rituais de consumo
Cachaça

Área

Marketing

Tema

Cultura e Consumo

Autores

Nome
1 - Rodrigo Cassimiro de Freitas
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
2 - Luiz Gustavo Neto Resende
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Barreiro
3 - Marcelo de Rezende Pinto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
5 - Bruno Medeiros Ássimos
Centro Universitário UNIHORIZONTES - Barro Preto

Reumo

Essa pesquisa recupera os postulados das Ontologias do Lugar para compreender as relações de consumo de cachaça no contexto de confrarias. Porém, a partir das análises conduzidas a partir do trabalho de campo nesse contexto fez emergir um outro conceito que se mostrou fértil do ponto de vista acadêmico para se articular com as ontologias do lugar: os rituais de consumo.
Tendo em vista a riqueza de elementos culturais presentes nas práticas de consumo de cachaça atreladas às discussões relativas aos rituais de consumo e aos aspectos materiais envolvidos, emergiu a seguinte indagação de pesquisa: Como o consumo de cachaça de alambique em confrarias se articula com os rituais e com os aspectos materiais? A partir dessa pergunta coloca-se como objetivo do artigo compreender os aspectos materiais envolvidos nas práticas e rituais de consumo de Cachaça de Alambique em confrarias.
A discussão teórica do artigo se sustenta em dois pilares: as Ontologias do Lugar e os Rituais de Consumo. As Ontologias do Lugar Social entendem que a vida social pode ser conhecida por meio das vivências que acontecem e ocorrem em um lugar espacial e temporal e que só podem analisados e examinados nos locais nos quais essas vivências se manifestam. Já os rituais de consumo é uma linguagem que se manifesta no corpo por movimentos, posições e formas sobre tamanho, aparência, cor que poderão determinar artefatos, roteiros, papéis e plateia da expressão ritualística.
O percurso metodológico seguiu orientações da pesquisa qualitativa e exploratória descritiva. A coleta de dados foi procedida com a coleta de 32 entrevistas em duas confrarias de consumo de cachaça artesanal. Foram abordadas nas entrevistas questões que tratavam de elementos materiais como, por exemplo, espaço geográfico, tempo, elementos do destilado, ou seja, preferências sobre envelhecimento, temperatura da cachaça, recipientes de consumo, como também harmonizações com elementos gastronômicos. As entrevistas foram transcritas e tratadas à luz da Análise de Conteúdo.
Os aspectos materiais se manifestam nas experiências de consumo de cachaça de alambique como elementos que produzem efeitos que são percebidos empiricamente pelas confreiras e também simbolicamente com a reprodução de conceitos relacionados aos valores e pressupostos defendidos pela cultura do grupo (McCracken, 2003; Shatzki, 2011). Vale destacar que os arranjos materiais se revelam como lastros que constituem o espectro da relação de consumo de cachaça de alambique experienciada por membros de confrarias.
As evidências empíricas, ou seja, as práticas de consumo dos confrades e confreiras, se desdobram em rituais que, como comentado em Freitas (1991), reproduzem valores e crenças inéditos que se baseiam em movimentos de distinção social (McCracken, 2003). A questão da distinção social que emergiu nas análises serve de base para inaugurar uma série de discussões que colocam em linha o papel dos artefatos e materiais presentes no consumo associadas aos rituais que funcionam como forma de (re)criação de espaços de socialização a partir das práticas.
McCracken, G. (2003). Cultura e Consumo: novas abordagens ao caráter simbólico dos bens e das atividades de consumo. Rio de Janeiro: Mauad. Rook, D. W. (2007). Dimensão ritual do comportamento de consumo. Revista de Administração de Empresas, 47(1), 81-98. Schatzki, T. R. (2003). A new societist social ontology. Philosophy of the Social Sciences, 33(2), 174-202. Schatzki, T. R. (2005). Sites of organizations. Organization Studies, 26(3), 465-484. Schatzki, T. R. (2006). On organizations as they happen. Organization Studies, 27(12), 1863-1873.