Resumo

Nos últimos anos, alguns pesquisadores têm buscado estabelecer definições quanto ao que vem a ser transformação digital. Uma dessas conceituações é dada por Verhorf et al. (2019) ao defender que a transformação digital acontece quando uma empresa emprega tecnologias digitais, para desenvolver um novo modelo de negócio digital que ajuda a criar e apropriar mais valor para a empresa. Contudo, parece ainda faltar pesquisas empíricas que possam, de fato, estabelecer por meio de instrumentos de mensuração, o nível de maturidade digital das empresas.

A partir da percepção da existência de lacuna no conhecimento sobre os estágios em que se encontram as empresas no tocante à maturidade digital surgiu a motivação para se conduzir uma pesquisa com o objetivo de conhecer o estágio de maturidade digital das organizações do setor de varejo do Brasil, estratificando essas empresas em níveis.

O termo “maturidade digital” entrou no rol de discussões acadêmicas e empresariais a partir da publicação dos trabalhos de Westerman, Calméjane, Bonnet, Ferraris e McAfee (2011) e Westerman, Bonnet e McAfee (2014). Nessas referências, os autores defenderam a ideia de que empresas com maior maturidade digital conseguem obter desempenho superior. Conceitualmente, maturidade digital, na visão de Kane et al. (2017), pode ser entendida como a extensão da capacidade aprendida para se adaptar às mudanças digitais em curso e aos esforços de transformação digital de maneira apropriada.

Um survey foi conduzido por meio de um formulário eletrônico, elaborado no Survey Monkey, que foi enviado para dirigentes de nível estratégico de empresas brasileiras do setor varejista. A escala utilizada para aferir a maturidade digital das empresas foi desenvolvida por Rossman (2018). Nessa escala, os respondentes foram convidados a explicitar seu grau de concordância/discordância com as afirmações usando uma escala do tipo Likert de 11 pontos. Na fase de análise de dados, utilizou-se da análise de cluster.

Por meio da análise de cluster, foi possível apontar três estratos de empresas quanto à maturidade digital. Enquanto no cluster 1, formado por 48 casos, a média para todas as dimensões fica entre 2,8 e 4,2, as médias das dimensões das empresas que compõem o grupo 3 são bem mais altas, acima de 8 pontos. No ponto intermediário, pode-se visualizar as empresas que constituem o cluster 2. São 118 empresas que ainda não conseguiram implementar de forma totalmente completa seus processos de transformação digital e, portanto, estão em um nível médio de maturidade digital.

Uma das principais conclusões do trabalho aponta que as maiores empresas do setor de varejo brasileiro participantes da pesquisa têm maiores níveis de maturidade digital. Grandes empresas têm a sua disposição mais recursos (financeiros, humanos e organizacionais) e maior capacidade de investir em técnicas e ferramentas necessárias para a realização do processo de transformação digital. Este resultado mostra a necessidade de aprofundar os estudos e também os investimentos em organizações de menor porte para apoiá-las em seu processo de transformação digital.

– Referências Bibliográficas (no máximo 600 caracteres). Hess, T., Matt, C., Benlian, A., & Wiesböck, F. (2016), Options for Formulating a Digital Transformation Strategy, MIS Quarterly Executive, Vol. 15 No. 2, pp. 103–119. Rossmann, A. (2018), Digital Maturity: Conceptualization and Measurement Model Digital Maturity: Conceptualization and Measurement Model, 39th International Conference on Information Systems, San Francisco, pp. 1-9. Wade, M., Macaulay, J., Noronha, A., & Barbier, J. (2019). Orchestrating Transformation: How to Deliver Winning Performance with a Connected Approach to Change