Resumo

Título do Artigo

AMOSTRA GRÁTIS: PRODUÇÃO, CONSUMO E O TRABALHO NÃO REMUNERADO DE CONSULTORES
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Palavras Chave

Consultor Organizacional
Trabalho Imaterial
Prosumption

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras

Autores

Nome
1 - Anna Paula Visentini
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
2 - Aléxia Fernandes Rocha
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
3 - Valessa Lemos da Silva
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração
4 - Andrea Poleto Oltramari
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) - Escola de Administração

Reumo

O trabalho de consultor organizacional, caracterizado pela sua imaterialidade, entrelaça as relações entre trabalho e consumo. Os profissionais, enquanto miniempresas individuais, investem em sua carreira como forma de garantir performance e atratividade no mercado de trabalho. Além da necessidade de adquirir e manter conhecimentos institucionalizados, há a busca por aumentar a sua reputação e reconhecimento de sua imagem, e, para tanto, uma prática utilizada é a realização de atividades gratuitas.
O objetivo da presente pesquisa é compreender a relação entre produção e consumo no trabalho de consultor e os motivos que os levam a realizar trabalhos não remunerados para organizações.
O consultor enquanto trabalhador necessita produzir-se, pois ele não se apresenta mais simplesmente como um possuidor de força de trabalho, mas sim, como um produto que constantemente se autoproduz (Gorz, 2005). Mediante a valorização do capital humano, os consultores podem ser vistos como miniempresas individuais (Fleming, 2017), e com a concorrência aumentando, há necessidade de possuir diferenciais competitivos, para aumentar as chances de contratações; o que vai ao encontro do prosumption que engloba a produção/trabalho com o consumo (Fontenelle, 2015) e do free labor (Terranova, 2000).
Foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório (Denzin & Lincoln, 2006). A pesquisa foi realizada em duas etapas, inicialmente com o envio aos participantes de um formulário introduzindo o assunto da pesquisa e contendo questões de cunho mais objetivo. Após, foram realizadas entrevistas semiestruturadas (Gil, 2002), para tanto utilizou-se a plataforma de videoconferência Zoom. Para a análise de dados da pesquisa foram seguidos os passos sugeridos por Creswell (2010). A pesquisa foi realizada com seis consultores, sendo três homens e três mulheres.
Com a análise dos dados foi possível constatar que a relação entre trabalho e consumo envolve, principalmente, consumo em educação e conhecimento, e em tecnologia da informação e comunicação. Nota-se diferentes motivações para a realização do trabalho não remunerado, como adquirir experiência, testar serviços, criar e manter relacionamento com as organizações, exibição para o mercado e como um propósito de vida dos consultores. Por fim, são discutidos aspectos do trabalho enquanto autoexploração e a ambiguidade existente na área de desenvolvimento humano e gestão de pessoas.
O trabalho não remunerado faz parte da prática de trabalho desses profissionais, justificado por diferentes motivações de acordo com o momento profissional vivido. Nota-se que na prática do trabalho não remunerado ao mesmo tempo que os consultores produzem seu trabalho também estão consumindo. Além do consumo associado à construção de si - educação, informação e tecnologia; consomem também a possibilidade de adquirir experiência, testar seus serviços, e associar-se com a reputação da marca empregadora. Observa-se que com maior maturidade no campo de atuação, passa a existir maior resistência.
Fontenelle, I. A. (2015). Prosumption: As Novas Articulações entre Trabalho e Consumo na Reorganização do Capital. Revista Ciências Sociais Unisinos, 51(1).83-91. Gorz, A. (2005). O imaterial: conhecimento, valor e capital. São Paulo: Annablume. Oltramari, A. P.; Córdova, R.; & Tonelli, M. J.(2019). Trabalhador-consumidor: a atração de jovens pelo employer branding na escolha profissional. Cadernos EBAPE.BR, 17 (Edição Especial).750-764. Terranova, T. (2000). Free Labor: producing culture for the digital economy. Social Text, 18 (2), 2000, 33- 58