Resumo

A expatriação é uma experiência no exterior que representa um desafio porque os indivíduos são confrontados com outros valores culturais (Hyder, Lövblad, 2007; Lee, Liu, 2007), requerendo uma adaptação cultural (Nunes, Felix, Prates, 2017). É um processo complexo, que pode variar conforme a distância cultural entre os países (Szkudlark, 2010). Pesquisas anteriores demonstraram o efeito da expatriação na formação de competências e acesso a fontes de tecnologia e inovação por parte de empreendedores, expandindo os efeitos para a região onde atuam (Aliaga-Isla, 2014; Filatotchev, Lu, Lu, Wright,

Tendo em vista a importância de expatriados no fomento e melhoria de conhecimentos de negócios locais (Gaddefors; Cronsell, 2009; Mayer et al., 2015; Xiaohui, Buc, Wright, 2009; Wijears, 2013), bem como a atuação deles como vetores para atrair investidores e capital de risco (Kenney et al. 2013; Wang, Zweig & Lin, 2011), Quais são as percepções sobre fazer negócios em outros países por empreendedores de base tecnológica? O objetivo desta pesquisa é identificar e analisar percepções de fazer negócios em diferentes países na visão de empreendedores de base tecnológica expatriados.

A expatriação pode ter origem motivacional em fatores negativos ou positivos. Entre os fatores positivos, são exemplos: a busca de conhecimento e de tecnologias, aprendizado de um idioma, para estudar ou ainda para trabalhar (Djajic, Vinogradova, 2015; Hyder, Lövblad, 2007; Kenney et al, 2013; Zikic, Novicevic, Harvey, Breland, 2006). A experiência de expatriados pode gerar efeitos sobre o empreendedorismo em três níveis: ambiente, empresa e empreendedor. Por exemplo, pode favorecer o aprendizado sobre competidores e mercados e melhorar a habilidade de construir networks (Daí, Liu, 2009).

Esta pesquisa classifica-se como do tipo qualitativa e explicativa. O método da pesquisa é a survey de experiência. Participaram da pesquisa sete expatriados, identificados pelo critério de bola de neve, por meio de contatos em universidades e incubadoras tecnológicas. Os dados foram coletados por meio de entrevistas do tipo narrativas, realizadas em português e em inglês.A análise dos resultados foi realizada em seis etapas, conforme sugerido por Gil e Reis Neto (2020): a) familiarização com os dados; geração de códigos iniciais; combinação dos códigos em temas abrangentes; revisão dos temas

Os expatriados que participaram desta pesquisa comentaram aspectos associados ao conhecimento tácito de fazer negócios em outro contexto, corroborando com a afirmação que a expatriação aumenta o conhecimento tácito, como mostraram estudos anteriores (Burmeister, Deller, Osland, Szkudlarek, Oddo &, Blakeney, 2015; Liu, Wright, Filatotchev, Dai & Lu, 2010). Para eles, a condição de criar e de gerir negócios foram analisadas como uma vertente importante para compreender o contexto institucional internacional, uma dimensão importante para fazer negócios em contexto internacional (Lundberg & Rehnfo

Os resultados desta pesquisa trazem contribuições sobre a abertura e operação de negócios em diversos países e continentes. Enquanto estudos anteriores demostraram contribuições na África (Amankwah-Amoah, Osabutey, & Egbetokun, 2018; Sackeyfio, 2019), Líbia (Busnaina, & Woodall, 2015), Coréia (Istad, 2020), Índia (Berger, Barnes, Bradley & Singh, 2020; Chaklader & Aggarwal, 2015), Argentina (Beltran & Miguel,2014), Vietnam (Dat & Ngoc, 2021), Polônia (Gadowska & Polak, 2014) e Europa (Bratianu, 2019), este estudo mostrou as contribuições para negócios nos Estados Unidos, Brasil, Inglaterr

Aliaga-Isla, R., 2014. A percepção de oportunidades de negócios por imigrantes na Espanha: o impacto do capital humano geral e específico. Revista Brasileira de Gestão de Negócios 16(52), 416-433. Amankwah-Amoah, Joseph; Osabutey, Ellis L. C.; Egbetokun, Abiodun (2018). Contemporary challenges and opportunities of doing business in Africa: The emerging roles and effects of technologies. Technological Forecasting and Social Change, 131,p. 171-174. DOI 10.1016/j.techfore.2018.01.003 Bai, W., Johanson, M., Martín O. M., 2017. Knowledge and internationalization of returnee entrepreneurial firms.