Resumo

No Brasil, a maior parte das pesquisas e da produção científica nacional são desenvolvidas nas universidades brasileiras, especialmente, por meio dos programas de pós-graduação. Entretanto, mesmo com tamanha responsabilidade e relevância a comunidade acadêmico-científica tem apresentado uma crescente preocupação com o impacto social que a instituições de ensino e pesquisa têm proporcionado à sociedade. Além disso, o atual cenário político brasileiro em relação às contribuições das universidades é polêmico. Esse contexto levou a CAPES a rever as diretrizes que fundamentam a avaliação da PG.

As novas mudanças propostas pela CAPES no sistema avaliativo dos programas de pós-graduação, impulsionadas em grande parte, pelo relatório da Comissão Especial de Acompanhamento do Plano Nacional de Pós-graduação (PNPG 2011-2020) irão requerer transformações importantes nos PPG's, mas essas alterações precisam ser construídas por meio de processos participativos. O contexto investigado é um Programa de Pós-Graduação em Administração de uma Universidade Pública Federal mineira que está unindo suas práticas de pesquisa às práticas de gestão para propor um novo ciclo de ações.

Até o momento, a pesquisa revela que o Programa de Pós-Graduação não tem o seu diagnóstico próprio, algo que mostre a sua realidade, ou seja, o programa não tem instrumentos contínuos de autoavaliação que possam apresentar os problemas, as necessidades de mudanças, os desafios e os pontos fortes do PPGA. O Programa também não possui duas coisas importantes para o processo de aprimoramento de qualquer organização: um planejamento estratégico que atenda à realidade e às especificidades do PPG e o registro de sua história contada a partir das percepções das pessoas que ajudaram a construí-lo.

Foi proposto ao Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGA) a utilização da metodologia de Pesquisa-Ação (PA) alinhada aos pressupostos do Construcionismo Social e utilização da base teórica do Planejamento Estratégico Situacional (PES) para escrever a sua história e propor um novo ciclo de ações por meio da construção participativa do planejamento estratégico do Programa que terá como base três pilares: Planejamento Estratégico, Autoavaliação e Impacto em consonância ao novo sistema avaliativo proposto pela CAPES. A PA será formada por grupos homogêneos e heterogêneos.

As experiências alcançadas até o momento com esta pesquisa-ação mostram a boa receptividade dessa estratégia de pesquisa pelos participantes e apontam a relevância de se conhecer o contexto (histórico e presente) para se planejar as ações futuras do Programa. Estão sendo resgatadas informações importantes para a reconstrução da memória histórica do PPGA e coletados dados relevantes para melhorias no presente (sobre as linhas de pesquisa, processos de seleção, divulgação das pesquisas, acompanhamento dos egressos) e construção do planejamento estratégico do Programa para o futuro.

O projeto, além de abrir portas para o debate na pesquisa científica e para uma gestão compartilhada, permitirá ao programa resgatar e escrever a sua história, rever seu planejamento atual, fixar metas, estabelecer novas estratégias, reafirmar ou rever sua identidade, entender os desafios, compreender suas potencialidades e reforçar a sua importância local, regional, nacional e mesmo internacional. Outro ponto importante é a possibilidade de evoluir na avaliação feita pela Capes e também a continuidade da gestão compartilhada do programa por meio ciclo de ação-reflexão-ação.