Resumo

Título do Artigo

TRABALHO COMUNAL EM ECOVILAS: CONTRADIÇÕES, IMPASSES E POSSIBILIDADES DA NOÇÃO DE AUTOSSUFICIÊNCIA
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Palavras Chave

Ecovila
Trabalho comunal
Autogestão

Área

Gestão Socioambiental

Tema

Desenvolvimento Sustentável e os ODSs

Autores

Nome
1 - Guilherme Smaniotto Tres
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas
2 - WASHINGTON JOSÉ DE SOUZA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÃO
3 - Janaynna Ferraz
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) - DEPAD

Reumo

Nas ecovilas, interesses e ideais não se resumem à lógica utilitária. Confluem, ao contrário, para uma noção de autossuficiência com visão ampliada e complexa de mundo, no qual vida orgânica e vida social não são excludentes. O trabalho, sob tais premissas, incorpora uma racionalidade do tipo substantiva e um caráter de ecologia política o qual chamamos de trabalho comunal e pretendemos referenciá-lo aqui. Debatemos, portanto: os propósitos orientadores, o trabalho comunal, fundamentado em autogestão, e a centralidade no componente ambiental via recuperação da biodiversidade.
O objetivo deste artigo é compilar propósitos orientadores, bases do sistema produtivo e a centralidade no componente ambiental em ecovilas a partir de contradições técnico-organizativas e político-institucionais para delinear um quadro de atributos do que chamamos de trabalho comunal. Assim, buscamos responder: Que quadro analítico emerge do sistema produtivo, de propósitos orientadores e da centralidade no componente ambiental em ecovilas a partir de contradições técnico-organizativas e político-institucionais do trabalho comunal?
Partimos do conceito de alienação em Marx para delinear um quadro de degradação socioambiental e qualificar as ecovilas como organizações autogeridas orientadas para a reprodução social. Ao converter os ecossistemas em mercadoria, provoca-se uma desconexão/desequilíbrio entre ser humano e natureza, tal como se fosse uma ruptura metabólica. Nas ecovilas, em meio a relações autogeridas voltado à autossuficiência do grupo, busca-se possibilidades para reconfigurar o sociometabolismo ser humano/natureza baseadas na ideia de complementariedade entre ambos.
A coleta de dados deu-se em quatro ecovilas durante 49 dias de imersão e posterior acompanhamento remoto por 22 meses, seguindo percurso metodológico de inspiração etnográfica. Utilizamos entrevistas semi-estruturadas, diário de campo e várias formas de entender a vida em comunidade a partir de dentro dela, seguindo o cotidiano dos moradores, suas interações internas, com a vizinhança, suas ações e atividades de militância agroecológica.
Não há pretensão de considerar ecovilas como “ilhas comunais” às margens do modo de produção capitalista, mas, sim, como lugar de possibilidades de outras formas de organização do trabalho, ainda que submetidas a impasses tensões e pressões externas. Funcionam como organizações que experimentam alternativas de articulação entre indivíduo e meio-ambiente natural mitigando processos de degradação humana e ambiental, porém, sob contradições e tensões entre ideais e valores substantivos e estruturas hegemônicas da sociedade contemporânea.
Abordamos experiências de organizações intencionais privadas, no horizonte da emancipação humana a partir de orientações ecológicas, com o objetivo de compilar atributos de trabalho comunal em ecovilas pontuando impasses e possibilidades para evidenciar contradições econômicas e político-organizacionais do constructo autogestão. Os achados apontam que as ecovilas estabelecem, idealmente, rotinas de trabalho focadas na reprodução social a partir do trabalho comunal..
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