Resumo

Título do Artigo

A ESPIRITUALIDADE E A SECULARIZAÇÃO DA RELIGIÃO: UM ESTUDO SOBRE O CONSUMO DE CERVEJA SEM ÁLCOOL EM IGREJAS EVANGÉLICAS
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Palavras Chave

Comportamento do Consumidor
Espiritualidade e Secularização da Religião
Consumo de Cerveja sem Álcool

Área

Marketing

Tema

Comportamento do Consumidor

Autores

Nome
1 - KEVEN VICTOR DANTAS TANAN
UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DA BAHIA (UFOB) - Campus Reitor Edgard Santos
2 - PEDRO FELIPE DA COSTA COELHO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (UFBA) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia

Reumo

O consumo de cerveja é uma prática que permeia gerações. Com o passar do tempo, a relação dos indivíduos com essa prática de consumo foi alterada devido à religião, sobretudo as mais conservadoras, as quais passaram a modelar de forma constante as crenças e os comportamentos dos indivíduos (MOKHLIS, 2009). No Brasil, a religião compreende 92% da população, sendo 64,6% católicos, 22,2 % evangélicos e 2% espíritas (IBGE, 2012). Diante disso, os consumidores entraram em uma fase de transição em relação à religião, e a cerveja sem álcool está inserida neste processo.
Um produto que foi adaptado e causa “estranheza” no meio evangélico é a cerveja, a qual destaca-se o seu tipo sem álcool para os consumidores. Em alguns casos, essa bebida pode ser utilizada como um meio de mitigar a falta da cerveja convencional, de modo a iniciar um processo de sacralização. Diante disto, o presente estudo tem como objetivo compreender as relações de sacralização e secularização da cerveja sem álcool e seus significados/impacto na vida de consumidores evangélicos sob a ótica do sagrado e do profano.
A relação entre religião e espiritualidade é dicotômica, uma vez que a religião como um sistema formador de valores e crenças afeta a maneira como o indivíduo se porta diante das escolhas no mercado, enquanto a espiritualidade é um sistema mais aberto em que os valores, crenças e culturas formam o comportamento do consumidor de maneira individual. Nesse sentido, as escolhas de consumo dos indivíduos passam por um movimento de sacralização e dessacralização. Este movimento pode ocorrer nas pessoas, objetos, lugares, sentimentos e experiências, não se limitando somente a ambientes religiosos.
Realizou-se um estudo exploratório de natureza qualitativa. Foram realizadas 22 entrevistas com consumidores de 4 religiões evangélicas diferentes. As entrevistas semiestruturadas trataram das relações de sacralização e secularização; relacionamentos sociais e as orientações da igreja; os significados de consumo e os impactos do abandono da cerveja e sua ligação com a cerveja sem álcool, as quais foram conduzidas nas igrejas Adventista, Assembleia de Deus, Cristã do Brasil e Mundial Servos. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo categorial (BARDIN, 2011).
Não existe uma norma ou regra que proíba o consumo da cerveja sem álcool para os evangélicos, assim eles tomam como base os seus valores éticos e morais como regra de consumir a cerveja sem álcool. No entanto, o consumo da cerveja sem álcool tem um significado de mundanismo e saudade da cerveja convencional para os religiosos mais conservadores. Além disso, o pecado e a falta de Deus são outros significados relacionados ao consumo da cerveja sem álcool. Os resultados indicam também que a cerveja sem álcool ajuda os indivíduos no processo de abandono da cerveja convencional.
As nuances que envolvem a secularização e a sacralização da cerveja para as religiões evangélicas permitem apontar a existência de um dilema que envolve o consumo da cerveja, no caso o álcool. Os resultados sugerem que não existe uma implicação normativa para o consumo da cerveja sem álcool, visto que as leis que regem a conduta moral e religiosa dos indivíduos proíbem o consumo do álcool. Além disso, a pesquisa sugere que existe um movimento no cerne das religiões investigadas em torno do consumo da cerveja sem álcool, e que esse movimento não é bem aceito entre seus pares.
KAPPELMAN, J. Not Just Sex That Sells: Religious Rhetoric and References in Contemporary Beer Branding. Summer Research, n. 203, 2013. RINALLO, D.; OLIVER, M. A. The marketing and consumption of spirituality and religion. Journal of Management, Spirituality & Religion, v. 34, p. 1-5, 2019. SPACIL, V.; TEICHMANNOVÁ, A. Intergenerational Analysis of Consumer Behaviour on the Beer Market. Procedia - Social and Behavioral Sciences, v. 220, p. 487-495, 2016. THURNELL-READ, T. The embourgeoisement of beer: Changing practices of ‘Real Ale’ consumption. Journal of Consumer Culture, p. 1-19, 2016.