Resumo

Título do Artigo

A INFLUÊNCIA DAS REDES DE COMÉRCIO JUSTO PARA A PERFORMATIVIDADE CRÍTICA EM COOPERATIVAS: analisando os empreendimentos de produtores de café Fairtrade
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Performatividade Crítica
Cooperativas
Comércio Justo

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Abordagens Relacionais às Organizações

Autores

Nome
1 - LAYON CARLOS CEZAR
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS (UNIFAL-MG) - Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
2 - ALEXANDRE REIS ROSA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PPGAdm/UFES)

Reumo

A formação de redes para estruturação de uma performatividade mais crítica em organizações alternativas como as cooperativas, torna-se necessária para resguardar sua identidade e suas práticas particulares de gestão. As cooperativas inseridas no movimento do comércio justo, tem potencial para desenvolver uma forma própria de atuação, uma vez que por meio da rede formada pela certificação Fairtrade, a circulação de conhecimento leva os sujeitos à uma intervenção ativa e subversiva aos tradicionais discursos e práticas gerenciais.
Considerando então que a proposta da certificação Fairtrade tem potencial tanto para impulsionar ou até mesmo restringir a atuação das cooperativas, este artigo visa responder o seguinte problema: como a formação e articulação de redes de comércio justo podem influenciar na performatividade crítica das cooperativas? Assim, o objetivo desse artigo é analisar o processo de formação e articulação de redes de comércio justo, em especial da rede Fairtrade, compreendendo paralelamente como essa rede influencia na performatividade crítica das cooperativas.
Discutimos as múltiplas redes que estruturam o Fairtrade a nível mundial, explicando como tal proposta se orienta na busca por relações menos desiguais de produção distribuição e consumo. Essa intervenção do Fairtrade nas relações econômicas e sociais, estrutura nossa segunda discussão a respeito da performatividade crítica que vem sendo investigada em cooperativas, como meio para refletirmos a respeito das complexidades enfrentadas por estes empreendimentos, que podem e devem resistir ao mainstream funcional.
O estudo se apoia em uma abordagem qualitativa de caráter exploratório e interpretativo fundamentando-se na triangulação de entrevistas semiestruturadas, observação não participante e documentos para construção do estudo de caso. O estudo de caso foi realizado durante 2017 e 2018 em uma cooperativa capixaba de produtores de café. Ao total foram realizadas 46 entrevistas com membros das cooperativas, membros das organizações de apoio e capacitação, organizações coordenadoras, governo estadual e local, instituições financeiras e traders. Os dados foram analisador pela análise de conteúdo.
Os resultados apontam que a formação da rede aconteceu a partir dos momentos vividos pela organização. À medida que suas relações sociais e comerciais tornaram-se necessárias, parcerias com esses perfis foram realizadas. Essas parcerias levaram à pressões para se tornarem ora mais comerciais, ora mais sociais, porém por meio das instâncias democráticas tecidas a partir da articulação da rede de comércio justo, seus membros resistiram à adoção de formatos pré concebidos, distantes de suas identidades. Essa resistência leva a criação de motores de performatividade crítica.
Concluímos que articulação da rede do comércio justo de forma mais ampla, com atores e papéis bem definidos, a partir da certificação Fairtrade possibilitou expandir sua forma de atuação sem perder sua identidade, resistindo às inúmeras pressões. O papel de articulação democrática permite que os cooperados reflitam criticamente sobre sua atuação na rede e questionem as normas implementadas. Essa articulação democrática leva a uma reflexão ativa sobre como performar os objetivos da organização em uma direção menos divisiva e monopolizante.
LECA, B.; GOND, J. P.; BARIN CRUZ, L. Building ‘Critical Performativity Engines’ for deprived communities: The construction of popular cooperative incubators in Brazil. Organization, v. 21, n. 5, p. 683–712, 2014. SPICER, A.; ALVESSON, M.; KÄRREMAN, D. Critical performativity: The unfinished business of critical management studies. Human Relations, v. 62, n. 4, p. 537–560, 2009. SPICER, A.; ALVESSON, M.; KÄRREMAN, D. Extending critical performativity. Human Relations, v. 69, n. 2, p. 225–249, 2016.