Resumo

Título do Artigo

PRÁTICAS DE INCOME SMOOTHING E O CONSERVADORISMO CONDICIONAL EM COOPERATIVAS DE CRÉDITO BRASILEIRAS
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Income Smoothing
Conservadorismo
Cooperativas de Crédito Brasileiras

Área

Finanças

Tema

Contabilidade

Autores

Nome
1 - Ramon Rodrigues dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPAD)
2 - Maurício Assuero Lima de Freitas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais
3 - Joséte Florêncio dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - PROPAD e MPA
4 - Raphael Silveira Guerra Cavalcanti
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE) - Programa de Pós-Graduação em Administração (PROPAD)

Reumo

Os gestores possuiriam uma tendência histórica de antecipar as perdas, mas não realizam o mesmo procedimento para os lucros (Ball & Shivakumar, 2005). Entretanto, no caso das cooperativas de crédito, diferente de empresas listadas em bolsa ou com participação acionária fechada, entende-se uma relação de trade-off com a suavização de resultados (income smoothing), visto que um maior reporte de perdas e um menor resultado resultaria em um ambiente direto de incerteza entre a cooperativa e seus cooperados, que ao mesmo tempo são clientes e sócios desta entidade (relação principal-principal).
Este artigo analisa a relação das práticas de income smoothing no conservadorismo das cooperativas de crédito singulares brasileiras, partindo do pressuposto de que as sobras reportadas nas cooperativas de crédito non-smoothers são mais conservadoras que nas divulgadas pelas cooperativas de crédito smoothers. Desta forma, esta hipótese indicaria que aquelas reconheceriam mais oportunamente suas perdas econômicas do que estas, visto que não existiriam, para estas, fatores motivacionais para uma suavização das sobras reportadas em suas demonstrações.
A relação entre income smoothing e conservadorismo condicional se dá à posição dos lucros em um determinado período e que a distribuição de lucros seria postergada ao longo do tempo, mantendo-se inalterada. Em complemento, o conservadorismo condicional está atrelado à assimetria no reconhecimento de boas notícias (ganhos) e de más notícias (perdas), a qual depende de uma ação da gestão de reconhecer, antecipadamente ou não, as perdas, o que, neste contexto, está relacionado ao componente artificial (discricionário, arbitrário) da suavização.
A amostra para este artigo foi composta por um total de 5.717 observações, entre os anos de 2012 a 2018, das quais 3.125 (54,6%) correspondem àquelas cooperativas de crédito brasileiras singulares que, a partir do modelo de Eckel (1981) suavizaram os seus resultados (smoothers) e 2.592 (45,4%) as que não suavizaram (non-smoothers).e em funcionamento no país, em periodicidade anual, entre 2012 e 2018. Em sequência, para a mensuração do nível de conservadorismo condicional, o modelo proposto por Ball e Shivakumar (2005) foi adaptado para estas mesmas instituições.
Os resultados destacaram um maior nível de conservadorismo por parte das cooperativas de crédito non-smoothers, demonstrando que ao suavizar as sobras da cooperativa, os gestores buscam ser menos conservadores ao adiantar possíveis perdas, revertendo menores resultados em períodos subsequentes, confirmando a hipótese de pesquisa. Este fato minimiza possíveis conflitos de agência, visto que, no extremo, resultados negativos sinalizam uma ineficiência da entidade em seus processos, trazendo uma maior instabilidade para os cooperados, resultando até na redução do capital social da cooperativa.
Estas instituições poderiam ser motivadas a gerenciar os seus resultados, não reportando perdas (as “más” notícias), ora aplicando critérios arbitrários para ocultar esta situação deficitária, ora reconhecendo as sobras ao longo de períodos futuros, à medida que os fluxos de caixa são realizados. Com isso, o poder discricionário do gestor ao praticar a suavização dos resultados estaria associado a um menor nível de conservadorismo, influenciando, por consequência, nas sobras reportadas pelas cooperativas de crédito smoothers.
Ball, R., & Shivakumar, L. (2005). Earnings quality in UK private firms: comparative loss recognition timeliness. Journal of Accounting and Economics, 39(1), 83-128. Banco Central do Brasil [Bacen]. (2018). Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo. 2017. Recuperado de https://www.bcb.gov.br/content/estabilidadefinanceira/coopcredpanorama/panorama_de_cooperativas2017.pdf. Eckel, N. (1981). The Income Smoothing Hypothesis Revisited. Abacus, 17(1), 28-40. Hepworth, S. R. (1953). Smoothing Periodic Income. The Accounting Review, 28(1), 32-39.