Resumo

A síndrome de burnout é um sentimento de esgotamento que se materializa pelo comportamento distante, frio e indiferente. Caracterizado como o resultado da incapacidade em resistir ao estresse laboral, a síndrome promove forte sentimento de frustação. Portoghese et al. (2018) destacam que a dependência do conhecimento colocou em foco a preocupação com a saúde mental dos estudantes, especialmente, pelo abandono dos cursos (BONAFÉ, MAROCO; CAMPOS, 2014) e o baixo rendimento acadêmico (MAROCO, CAMPOS, 2012) e, nesse contexto, burnout tornou-se um grave problema para a comunidade acadêmica.

Mota et al. (2017) ao discorrerem quanto a síndrome de burnout destacam que as pesquisas com estudantes universitários ainda são incipientes no Brasil, aspecto demanda esforços para investigar o fenômeno nessa população. Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar a presença da síndrome de burnout entre acadêmicos de tal forma a responder ao questionamento: quais são as características e a incidência da síndrome entre estudantes de administração? Assim, para dar conta dessa questão, foi utilizado o Maslach Burnout Inventory – Student Survey (MBI-SS).

Zucoloto, Oliveira e Maroco (2016) ao referirem-se a origem do burnout acadêmico destacam as dificuldades dos estudantes em lidar com atividades inerentes ao ambiente universitário e os riscos psicossociais e ocupacionais, que podem comprometer seu desempenho profissional no futuro. Maroco e Campos (2012) destacam que burnout pode ser o precursor de outros desequilíbrios de ordem física, psicológicas e acadêmicas, com igual ou maior gravidade do que burnout. Erschens et al. (2018) em complemento advertem para o uso de álcool e drogas como forma de reduzir os efeitos do estresse e da exaustão

A pesquisa utilizou metodologia descritiva do tipo survey com tratamento de dados quantitativo e amostragem probabilística aleatória simples. A população foi formada por estudantes do bacharelado em administração de uma IFES da Região Norte do Brasil. O tratamento de dados utilizou técnicas quantitativas, entre elas: a estatística descritiva (distribuição de frequências, medidas de dispersão, de tendência central e de correlação); técnicas multivariadas (análise fatorial exploratória e analise de agrupamentos); e testes de hipóteses (One-Way Anova com post-hoc de Scheffe).

A análise fatorial mostrou que o modelo (MBI-SS) é estável e com dimensões consistentes. A fidedignidade retornou valores adequados (α>0,763) e a ausência de vieses. As correlações foram coerentes com a teoria e a intensidade da síndrome foi mais presente na exaustão emocional. A análise de agrupamentos formou três grupos significativamente diferentes, sendo a descrença que mais diferenciou os grupos (F=283,14, p-valor< 0,01), apesar das diferentes características da síndrome entre os grupos, 15,84% dos entrevistados mostrou elevada exaustão emocional e descrença com redução da eficácia

A conclusão recomenda ações de prevenção e combate como programas que divulguem a síndrome e incentivem a procura de ajuda, sugere-se repensar conceitos pedagógicos e a rigidez de diversos processos valorizados nas universidades, muitos deles com grande apego burocrático, melhorar a qualidade do ensino, pois estudantes que se sentem mais preparados são menos suscetíveis a ocorrência da síndrome, além de incentivar práticas esportivas, voluntariado, atividades musicais, entre outras, que tem se revelado como atenuantes do estresse crônico desencadeador da síndrome de burnout

PORTOGHESE, I. et al. Measuring burnout among university students: factorial validity, invariance, and latent profiles of the italian version of the Maslach Burnout Inventory Student Survey (MBA-SS). Font. Psychology, v. 12, p. 1-9, nov. 2018. BONAFÉ, F. S.; MAROCO, J.; CAMPOS, J. A. D. B. Predictors of burnout syndrome in dentistry students. Psychology, Community & Healf, v. 3, n.3, p. 120-130, nov. 2014. ERSCHENS, R. LODA, T. et al, Behaviour-based functional and dysfunctional strategies of medical students to cope with burnout. Medical Educational Online, v. 23, n. 1, p. 1-11, dec. 2018.