Resumo

Os domínios teóricos envolvendo o conceito de open innovation desenvolveram-se de forma fragmentada e pouco aprofundada, apresentando múltiplos elementos e níveis de análise, ainda carentes de alinhamento e consolidação. Tais características lançam luz sobre a necessidade de desenvolvimento de uma perspectiva holística e integrativa que consolide o conhecimento neste escopo. As pesquisas sobre open innovation desenvolvem-se a partir de um corpo de conhecimento fragmentado, com múltiplos níveis de análise, além de pouco aprofundamento em seus fundamentos teóricos (Randhawa et al., 2016).

Diante disto, propõe-se esta revisão sistemática da literatura com o objetivo de estender a discussão sobre open innovation em um contexto de colaboração, por meio da consolidação das pesquisas desenvolvidas neste escopo e da identificação das principais características e níveis de análise desta literatura. Para tanto, buscou-se especificamente: (i) consolidar as pesquisas desenvolvidas sobre open innovation em um contexto de colaboração; (ii) identificar as principais características e níveis de análise desta literatura; (iii) identificar gaps entre os diferentes escopos de pesquisa.

O fenômeno da open innovation definido como “o uso intencional fluxos de entrada e saída de conhecimento para acelerar a inovação interna e expandir os mercados para a utilização externa da inovação” (Chesbrough, 2006), tem atraído a atenção dos estudiosos da área de gestão de inovação, interesse este que se reflete no crescente número de publicações sobre o tema. Reconhece-se a open innovation como um conceito guarda-chuva, abrangência aumenta sua riqueza e complexidade, mas acaba consequentemente por dificultar seu desenvolvimento teórico e sua operacionalização.

Empreendeu-se uma pesquisa qualitativa, de caráter bibliométrico e descritivo, a fim de analisar determinadas características acerca da produção científica sobre open innovation. Realizou-se uma revisão sistemática composta por três etapas (Crossan & Apayidin, 2010): coleta de dados, análise dos dados e síntese. A database ISI Web of Knowledge’s Social Sciences Citation Index (SSCI) foi escolhida como a base de busca dos artigos.

Ao analisar as publicações sob uma metodologia sistematizada e validada foi possível observar que trata-se de uma literatura majoritariamente empírica, de metodologia quantitativa e com delimitações pouco claras sobre as características das open innovation investigada. Em relação aos níveis de análise utilizados os resultados indicam uma concentração de estudos com determinantes no nível intraorganizacional, revelando um foco nas características, estrutura, estratégias e aspectos funcionais da organização.

Ao levantar os gaps conseguimos apontar potenciais avenidas para o desenvolvimento de pesquisas futuras, dentre as quais destacam-se: (i) pesquisas que definam uma base teórica clara da open innovation, delimitando melhor seus elementos conceituais; (ii) pesquisas com maior detalhamento e clarificação dos outcomes gerados pela open innovation; (iii) pesquisas focadas no nível de análise interorganizacional, estendendo e aprofundando o conhecimento sobre os fatores relevantes da rede de relacionamentos; (iv) pesquisas voltadas à investigação da open innovation como processo.

Chesbrough, H. (2006). Open innovation: A new paradigm for understanding industrial innovation. In Open Innovation: Researching a New Paradigm, ed. H. Chesbrough, W. Vanhaverbeke, and J. West, 1 – 12. New York, NY: Oxford University Press. Crossan, M. M., & Apaydin, M. (2010). A multi-dimensional framework of organizational innovation: a systematic review of literature. Journal of Management Studies, 47(6), 1154- 1191. Randhawa, K., Wilden, R., & Hohberger, J. (2016). A bibliometric review of open innovation: setting a research agenda. Journal of Product Innovation Management, 33(6), 750-772.