Resumo

Título do Artigo

Os Paradoxos Tecnológicos no Consumo de Smartphones por idosos
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Palavras Chave

Consumidores Idosos
Paradoxos Tecnológicos
Smartphones

Área

Marketing

Tema

Consumo e Materialismo

Autores

Nome
1 - Karla Ferreira Angelkorte
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ) - COPPEAD
2 - Luís Alexandre Grubits de Paula Pessôa
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RIO) - Departamento de Administração (IAG)
3 - Natália Contesini dos Santos
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO (PUC-RIO) - IAG - PUC/Rio

Reumo

Paradoxos tecnológicos são qualidades contraditórias presentes em uma mesma tecnologia, capazes de afetar a experiência de consumo. Devido os estudos sobre o tema se concentrarem na investigação de adultos jovens, pouco se sabe sobre como idosos incorporam tais tecnologias em suas rotinas e, consequentemente, sobre suas experiências paradoxais. Ademais, esses consumidores estão inseridos em um contexto sociocultural que os desvaloriza e exclui, potencializando o estigma da vulnerabilidade e contribuindo para divisão digital.
Neste contexto, este artigo busca identificar os paradoxos tecnológicos associados ao consumo de smartphones por idosos.
Os idosos são um grupo emergente e de complexo entendimento quanto ao consumo de tecnologias. A isso pesa o fato de o consumo de tecnologia ser inerentemente dual, fazendo com que, invariavelmente, o consumidor experimente paradoxos, ou seja, qualidades contraditórias em uma mesma tecnologia, o que pode afetar sua experiência de consumo (SACCOL e REINHARD, 2005). A literatura aponta a existência de quatorze paradoxos tecnológicos, os quais podem ser gerenciados por meio de quatro estratégias (MICK e FOURNIER, 1998; JARVENPAA e LANG, 2005; MAZMANIAN et al., 2006).
Os sujeitos desse estudo exploratório e qualitativo são consumidores cariocas de 65 a 85 anos, que utilizam smartphones, pertencentes a diferentes classes sociais e níveis educacionais. Os dados foram coletados por meio de grupos de foco com sete idosas e treze entrevistas em profundidade. Tais dados foram transcritos e analisados, buscando identificar a existência de paradoxos tecnológicos defendidos por Mick e Fournier (1998), Jarvenpaa e Lang (2005) e Mazmanian et al (2006), e estratégias de gerenciamento desses.
Para os entrevistados, o uso do smartphone facilita a integração e interação social, mas também gera alienação, isolamento e afastamento social. Esse consumo traz sentimentos de competência, modernidade, inteligência e poder, assim como de incompetência, ignorância e vulnerabilidade, ao terem, por exemplo, que lidar com funcionalidades desconhecidas ou erros. Apesar desse consumo permitir manter o fluxo de comunicação, esses idosos demonstram desconforto e irritação com o fato de estarem acessíveis em qualquer hora ou lugar. Estratégias de resistência são usadas para gerir esses paradoxos.
Os dados evidenciam a experimentação de cinco paradoxos tecnológicos pelos entrevistados. De modo geral, os desconfortos e frustrações se sobrepõem às vantagens e benefícios do consumo de smartphones, criando sentimentos negativos que são gerenciados, majoritariamente, por estratégias de resistência. Ou seja, diante da dificuldade em lidar com tais paradoxos, esses idosos optam, primordialmente, por se afastar da tecnologia. A opção por usar apenas as funções básicas do aparelho parece ajudar a afastar estigmas de incompetência, ignorância, exclusão digital e limitação.
JARVENPAA, S. L.; LANG, K. R. Managing the Paradoxes of Mobile Technology. Information Systems Management, 22(4), 2005 MICK, D.; FOURNIER, S. Paradoxes of Technology: Consumer cognizance, emotions and coping strategies. Journal of Consumer Research, 25(20), 1998 MAZMANIAN, M.; ORLIKOWSKI, W.; YATES, J. Crackberrys: exploring the social implications of ubiquitous wireless e-mail devices. Conference Paper for EGOS, 2006 SACCOL, A. I.; REINHARD, N. Processo de Adoção e Decorrências da Utilização de Tecnologias de Informação Móveis e Sem Fio no Contexto Organizacional. Anais do 29º EnANPAD, 2005