Resumo

Título do Artigo

QUEM ESTAMOS FORMANDO? UM ESTUDO DE CASO ACERCA DA IDENTIDADE DO ADMINISTRADOR-EM-FORMAÇÃO
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Palavras Chave

Formação superior
Identidade
Universidade

Área

Ensino e Pesquisa em Administração

Tema

Planejamento de Ensino (cursos, programas, disciplinas, aulas e avaliação)

Autores

Nome
1 - Angelo Brigato Ésther
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF) - Faculdade de Administração e Ciências Contábeis - FACC
2 - Danilo Amaral da Fonseca
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (UFJF) - Faculdade de Administração e Ciências Contábeis

Reumo

A discussão acerca da formação não é nova, porém está longe de ser esgotada. O mesmo se pode afirmar sobre a questão da identidade, a despeito da profusão de artigos sobre o tema. Nem sempre os dois conceitos são articulados, especialmente quando se pensa na formação desde um ponto de vista mais formal e institucional. Partimos do pressuposto de que a identidade é construída mesmo fora do âmbito escolar formalmente constituído. Por outro lado, assumimos que, quando um indivíduo passa pelos “bancos da escola”, esta etapa constitui um “momento” significativo na construção de sua identidade.
A problemática central reside na questão da formação do Administrador na universidade. Basicamente, queremos discutir a respeito de quem estamos formando, expresso em termos da identidade, sobretudo quando se toma como referência norteadora as diretrizes formais para tanto, expressas na LDB, nas DCN e no projeto pedagógico de curso. Assim, o objetivo central é compreender o papel da universidade, aqui expresso pelo currículo, na construção da identidade do administrador-em-formação, sob a ótica dos graduandos e professores do curso.
Política educacional é uma política de identidade. A escola é instituição e lugar de socialização, logo, de produção de identidade. Neste contexto, o projeto pedagógico de curso expressa o currículo que será a base para a formação do futuro profissional. Assume-se, com autores como Bourdieu, Tragtenberg, Motta, Apple e outros, que o currículo não é uma peça neutra na formação do profissional, o que remete à discussão da própria formação. Deste modo, formação, currículo e identidade estão imbricados, em que tal relação se dá num contexto de relações de poder.
Estudo de caso em uma universidade federal localizada em MG, com uma etapa quantitativa e outra qualitativa de coleta e análise de dados. A fase quantitativa consistiu na aplicação de um questionário realizado em todos os períodos do curso em oferta, cujos resultados foram sistematizados por meio de estatística descritiva. A fase qualitativa compreendeu entrevistas com alunos do início e do fim do curso, e, também, com o coordenador e mais sete professores, cada um deles representando as áreas de especialidade do curso. Todas as entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo.
Professores preconizam uma formação entre o humanismo e o técnico, havendo uma pendência para a formação técnica. Para eles, a identidade pressuposta do administrador é compatível com aquela legitimada e alinhada à política de identidade das diretrizes educacionais. O administrador é percebido como tomador de decisão e gestor de recursos. Para os estudantes iniciantes, permanece a visão fetichizada e idealizada pela mídia, enquanto os formandos começam a sentir a angústia da falta de oportunidades e terem uma visão um pouco mais crítica de sua formação.
A despeito do currículo visar uma formação mais crítica, na prática, as políticas de identidade tendem a reforçar a identidade-nós a que se refere Elias (1994), estimulando à manutenção de uma identidade estabelecida (ELIAS, SCOTSON, 2000), com a qual, de modo geral, cada estudante busca se identificar e por ela ser reconhecido, de modo a não se colocar como um outsider (ELIAS, SCOTSON, 2000) e, por conta disto, deixar de ser reconhecido. Neste sentido, a formação pode se limitar à reprodução do habitus de referência, reforçando a identidade fetichizada.
APPLE, M. W. Educação e poder. Porto: Porto Editora, 2001; BOURDIEU, P. A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In NOGUEIRA, M. A., CATANI, A. (Orgs.). Escritos da educação: Pierre Bourdieu. Petrópolis: Vozes, 2007; CIAMPA, A. C. Políticas de Identida¬de e Identidades Políticas. In Dunker, C. I. L., & Passos, M.C. Uma psicologia que se interroga. São Paulo: Edicon, 2002; ELIAS, N., SCOTSON, J. L. Os Estabelecidos e os Outsiders. Rio de Janeiro: Zahar, 2000; ELIAS, N. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Zahar, 1994; MOTTA, F. C. P. Organização e poder. São P