Resumo

A revolução digital está transformando a sociedade. Diferentes setores são alterados, desde a educação até a saúde, as instituições financeiras, e, claro, as cooperativas. Alguns ramos de cooperativas já têm feito investimentos importantes na digitalização dos seus negócios, mas pouco tem se evoluído no uso da tecnologia para o desenvolvimento do quadro social e a promoção do pilar social do cooperativismo.

Diante dessa realidade, este trabalho teve como objetivo analisar aspectos da participação democrática em cooperativas de crédito na era digital, propondo formas para sua efetivação.

A transformação digital tem evoluído no negócio das cooperativas, mas pouco tem se visto no uso dessas ferramentas para o desenvolvimento do quadro social. As pessoas estão começando a valorizar o diferencial cooperativo e ver negócios geridos pelos membros como uma alternativa (BIRCHALL, 2014). Por outro lado, como apontam Birchall (2014) existe uma falta de informação comparativa sobre as cooperativas, por vezes as empresas de capital divulgam mais informações.

Realizou-se uma pesquisa quantitativa com 52 cooperativas de um sistema cooperativo de crédito e, em uma segunda etapa, empregou-se o método estudo de casos em três cooperativas que tinham realizado experiências de assembleias digital. Como técnica de coleta, foram entrevistadas seis pessoas por meio de entrevistas semiestruturadas entre os meses de agosto e outubro de 2018. De forma complementar foram usados os referenciais, documentos e sugestões dos entrevistados para elaboração de uma proposta para participação democrática digital para o sistema estudado.

Observou-se que há uma compreensão heterogênea da adoção da digitalização das experiências de participação e que apenas 6% das cooperativas tiveram uma experiência de assembleia mais digital. Na pesquisa qualitativa, viu-se que as cooperativas que tiveram experiências digitais destacam-se por estarem abertas às mudanças, e atentas às necessidades de comunicação com os associados, mas ainda têm poucas iniciativas para dar transparência aos associados durante o ano. Em geral, não é um problema de disponibilidade de tecnologia, mas de cultura de transparência.

O trabalho identificou que a transformação digital está avançada na área de negócios das cooperativas de crédito, mas iniciando nos processos de participação democrática do quadro social. Os resultados apresentados demonstram que, mesmo nas regiões mais rurais, os associados usam massivamente aplicativos para comunicação e querem estar mais próximos da tecnologia. Embora haja problema de conectividade em alguns lugares, a chamada exclusão digital, é um desejo dos associados e das cooperativas em proporcionar novos canais.

BIRCHALL, Johnston. The governance of large co-operative businesses. Manchester: Co-operatives UK, 2014. CHÁVEZ, Alejandro Ramos. Ciudadanía en la pantalla. Información y acción colectiva a través de Internet/Screen citizenship. Information and collective action through the Internet. Revista General de Información y Documentación, v. 25, n. 2, p. 603, 2015. SHAH, Tushaar et al. Making Farmers' Co-operatives Work: design, governance and management. Sage Publications India Pvt Ltd, 1995.