Resumo

As oportunidades são identificadas quando o empreendedor detecta padrões em eventos supostamente não relacionados (BARON; ENSLEY, 2006). O termo capacidade empreendedora se refere à habilidade de avaliar e explorar a oportunidade, criando valor por meio de novos conhecimentos (HINDLE; KEVIN, 2007). Segundo Liñan e Chen (2009), a capacidade empreendedora é considerada uma espécie de capital humano, que juntamente com as variáveis demográficas, irá influenciar os construtos atitudinais de Ajzen (1991), que por sua vez interferirão na intenção empreendedora.

O interesse entre a relação da capacidade empreendedora e a intenção em empreender suscitou a seguinte questão de pesquisa: Como a capacidade empreendedora influencia a relação entre a intenção de empreender e seus antecedentes? O objetivo geral do estudo é investigar a influência da capacidade empreendedora na relação com a intenção de empreender e seus antecedentes atitudinais.

Segundo Casero et al. (2011), a capacidade empreendedora refere-se à motivação de indivíduos em iniciar um novo negócio além da medida que tais indivíduos possuem habilidades para buscar iniciativas empreendedoras. A pesquisa de Clarysse et al. (2011) apresentou a capacidade empreendedora como a capacidade de reconhecimento de oportunidade, como o fator mais forte para que acadêmicos se envolvessem em atividades empreendedoras. O modelo de Liñan e Chen (2009) destaca que as habilidades, capacidades e diretrizes individuais influenciam indiretamente a intenção por meio das atitudes.

A coleta de dados foi realizada junto aos alunos de uma IES pública federal, localizada no Estado do Ceará, em 32 unidades/campi em funcionamento no estado do Ceará. Os dados foram coletados por meio de instrumento adaptado do Questionário de Intenção Empreendedora (EQI) de Liñan e Chen (2009) juntamente com o instrumento de medição das atitudes e intenção de estudantes de Souitaris et al. (2007). Foi utilizada a Modelagem de Equações Estruturais (MEE) com o uso da técnica Partial Least Square (PLS) por meio do software Warp PLS 6.0.

Percebeu-se a baixa influência da atitude e normas subjetivas na intenção de empreender. Notou-se efeito expressivo do controle do comportamento percebido na formação da intenção empreendedora. A baixa motivação para empreender ocasionada pelas normas subjetivas também influencia o controle do comportamento percebido na relação com a intenção, considerando a percepção de dificuldade de se tornar empreendedor. Notou-se que a capacidade empreendedora não pode ser vista como uma variável moderadora nas relações entre as atitudes e intenção empreendedora.

Os resultados demonstram que os alunos não apresentam motivação para empreender, talvez por não encontrarem estímulo social para considerar a opção de empreendedor como carreira profissional. O possível efeito das normas subjetivas na atitude e controle do comportamento percebido pode ter levado ao presente resultado da pesquisa, ou seja, a falta de incentivo social para o comportamento empreendedor pode ter limitado os efeitos da atitude e normas subjetivas na intenção.

CLARYSSE, B.; TARTARI, V.; SALTER, A. The impact of entrepreneurial capacity, experience and organizational support on academic entrepreneurship. Research Policy, v. 40, n. 8, p. 1084-1093, 2011. LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and Cross Cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009. SOUITARIS, V.; ZERBINATI,S.; AL-LAHAM, A. Do entrepreneurship programmes raise entrepreneurial intention of science and engineering students? The effect of learning, inspiration and resources.