Resumo

Título do Artigo

O COMÉRCIO DIRETO NO MERCADO DE CAFÉS ESPECIAIS: CONTRIBUIÇÕES, LIMITAÇÕES E NOVOS RUMOS DE PESQUISA
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Palavras Chave

Cafés Especiais
Comércio Direto
Comércio Justo

Área

Marketing

Tema

Agronegócio, Alimentação e outros temas

Autores

Nome
1 - Elisa Reis Guimarães
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia (DAE)
2 - Antônio Carlos dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras
3 - Paulo Henrique Montagnana Vicente Leme
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Departamento de Administração e Economia
4 - Angélica da Silva Azevedo
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS (UFLA) - Lavras - MG

Reumo

Ao longo do tempo, realizaram-se diferentes tentativas de transformação da cadeia produtiva do café, com foco na promoção da sustentabilidade em um ou mais de seus três pilares - econômico, ambiental e social. Dentre essas iniciativas, destacam-se os Acordos Internacionais do Café, as certificações e o Comércio Direto (o qual é o foco deste trabalho), cada qual com uma perspectiva diferenciada acerca dos meios para alcançar tais resultados.
O Comércio Direto, a mais recente dessas iniciativas, tem ganhado destaque por seu grande potencial para transformação desse mercado, mas ainda é pouco explorado na literatura científica. Objetivou-se, portanto, apresentar o “estado da arte” das pesquisas acadêmicas a respeito do Comércio Direto, traçando um panorama da pesquisa e adoção mundiais desse modelo de comercialização, destacando suas contribuições, limitações e lacunas teórico-empíricas, fornecendo insights para a realização de estudos futuros.
O Comércio Direto surgiu da frustração com as opções disponíveis para suprimento de cafés especiais, prejudicado pela limitada oferta dos grãos e dificuldade de acesso aos cafeicultores pela ausência de transparência na cadeia produtiva. Buscando coordenação entre os agentes através do trabalho conjunto e compartilhamento de informações, torrefadores limitaram suas interações com intermediários na aquisição dos grãos, mantendo a atuação destes apenas quando considerada legítima e necessária. Essas empresas demonstram um forte desejo de endereçar aspectos da sustentabilidade na cadeia do café.
O desenvolvimento deste trabalho apoiou-se na realização de revisão sistemática integrativa. Selecionou-se o Comércio Direto como tema por sua crescente relevância no mercado de cafés especiais e sua proposta diferenciada para a promoção do desenvolvimento sustentável desse setor. Selecionaram-se materiais acadêmicos nas bases Web of Knowledge, Science Direct e Scholar Google, além de materiais técnicos nos portais da Specialty Coffee Association e o Perfect Daily Grind, os quais foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo qualitativa e categorial de grade aberta.
Identificaram-se três categorias de contribuições associadas ao Comércio Direto - "Relacionamento e Coordenação”, “Origem e Sustentabilidade” e “Qualidade e Diferenciação”. e três categorias de suas limitações - “Conceituais e Regulatórias”, “Execução e Acompanhamento” e “Acessibilidade e Potencial de Transformação”, apoiadas nos 74 materiais selecionados. Apresentou-se um novo conceito de Comércio Direto, subdividido em duas vertentes - relacional e transacional - e elaborou-se um framework de sua realização. Ainda, forneceram-se importantes insights para estudos futuros.
Apesar de seu grande potencial de contribuição para a promoção da sustentabilidade social, ambiental e econômica de todos os agentes da cadeia produtiva do café, o Comércio Direto não constitui solução única para os diversos e complexos desafios da atividade. Desta forma, tal modelo de comercialização deve ser adaptado às realidades locais e adotado com cautela, preferencialmente em conjunto com outras iniciativas, como as certificações, visando a abertura de diferentes mercados e o alcance de diferentes públicos de consumidores.
Badiyan-Eyford, J. (2013). Direct trade coffee: prospects and pitfalls. Dissertation (Master of Arts) - University of Calgary, Alberta, Canada. Borrella, I., Mataix, C., & Carrasco‐Gallego, R. (2015). Smallholder farmers in the speciality coffee industry: opportunities, constraints and the businesses that are making it possible. IDS Bulletin, 46(3), 29-44. Hernandez-Aguilera, J. N. et al. (2018). Quality as a driver of sustainable agricultural value chains: the case of the relationship coffee model. Business Strategy and the Environment, 27(2), 179-198.