Resumo

É comum a crítica dirigida decisões empresariais, especificamente aquelas que possam afetar clientes e comunidades locais. Apesar do extenso aparato legal vigente no país, os gestores podem ter diante de si opções legais porém não éticas. Se a empresa quer pautar suas decisões pela ética, é aconselhável a existência de critérios homogêneos, ou produzir e tentar implementar regras desconexas entre si. Serão discutidos neste artigo critérios éticos, visando a melhorar a compreensão e aplicação dos mesmos na tomada de decisão empresarial.

O problema de pesquisa é a busca e proposição de critérios homogêneos, do ponto de vista ético, para a tomada de decisão empresarial, no seu nível estratégico, principalmente. O objetivo é o delineamento de uma ferramenta conceitual que permitirá o enquadramento de cada decisão da empresa dentro de um marco ético.

É atual a questão da ética ser abordada nas empresas via formulação de Códigos de Ética. Tais códigos consistem, geralmente, de declarações que valorizam a ética individual de seus funcionários, preconizando a observância de limites legais às ações empresariais, graças à sua origem compliance-based - (CHERMAN e TOMEI, 2003, p. 101). A ética empresarial necessita de fundamentação e alcance maiores que os propostos pela maioria dos códigos de ética, reorientando assim seu marketing. Segundo Whysall (2000), a literatura sobre ética no marketing é ampla e complexa, tendo surgido na década de 1970.

É na função marketing que deveria haver maior preocupação com a tomada de decisões éticas. Cauduro D’Angelo (2003) enumera possíveis questionamentos éticos citados na literatura. Apesar de muitos questionamentos terem sido listados, não foi proposta uma solução baseada em uma teoria ética. Existem duas grandes correntes de pensamento ético. Uma corrente analisa as ações humanas em-si, julgando-as moralmente segundo critérios fixos ou pouco mutáveis ao longo do tempo. É a ética da convicção. Outra corrente, considera que considera as consequências das ações, é a ética consequencialista.

Uma crítica à atual tendência observada entre as empresas de promover iniciativas na área social encontra-se na afirmação de que se trata apenas de apelos publicitários ou para melhoria de imagem. Caso se faça um julgamento ético dos benefícios proporcionados por essas ações, chega-se à conclusão de que, dado que a alternativa a essas iniciativas é a inoperância do Estado brasileiro, é melhor que as empresas continuem investindo na área social, não importando seus propósitos, mas os resultados alcançados.

CHERMAN, A.; TOMEI, P.A. Códigos de ética corporativa e a tomada de decisão ética: instrumentos de gestão e orientação de valores organizacionais?. Rev. Adm. Contemp., Curitiba , v. 9, n. 3, p. 99-120, Set. 2005. D´ANGELO, André Cauduro. A ética no marketing. Revista de Administração Contemporânea, v. 7, n. 4, out./dez. 2003. OLIVEIRA, Manfredo Araújo. Correntes fundamentais da ética contemporânea. Petrópolis: Vozes, 2000. SROUR, Robert Henry. Ética Empresarial: a gestão da reputação. 2° Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. RJ: Civilização Brasileira, 2004.