Resumo

As organizações modernas utilizam-se da aplicação de meios racionais para alcançar resultados. Necessitam de mecanismos conscientes de controle, em que a informação é uma unidade essencial do processo organizativo. A avaliação está inserida nesse contexto, objetivando dar respostas a perguntas de avaliação significativas. Seu papel varia conforme o modo e foco para o qual essas informações serão utilizadas. E a delimitação de um plano avaliativo adequado guarda relação direta com o entendimento sobre em qual ou quais abordagens avaliativas ou “tipos” de avaliação a intervenção irá se apoiar.

Parte-se de lacunas gerenciais relacionadas à ausência de mecanismos de avaliação no Programa Verticais de Negócios da ACATE. Do ponto de vista teórico, nota-se a escassez de trabalhos com foco em abordagens avaliativas para programas inseridos em ecossistemas de inovação, e que os avanços no campo não vêm sendo acompanhadas por um volume substancial de estudos empíricos que mostrem as abordagens avaliativas em funcionamento. Nesse contexto, o objetivo do trabalho é analisar a demanda por avaliação dos stakeholders do Programa Verticais sob a perspectiva de diferentes abordagens avaliativas.

A base teórica aborda a inovação como processo colaborativo e conceitua sistemas de inovação nessa perspectiva. A discussão sobre o desenho de métodos avaliativos considera como as características das diferentes abordagens avaliativas contribuem para a produção de informações relevantes e a promoção de aprendizagem. Além das clássicas avaliações somativas e formativas, conceitua-se a avaliação desenvolvimental como promissora para contextos que lidam com processos inovativos. Discute-se também a centralidade do uso da avaliação e da importância do engajamento dos usuários para tal.

Trata-se de um estudo de caso, de natureza exploratória e qualitativa realizado em duas etapas. Na primeira, por meio de levantamento documental e entrevistas, identificou-se as diretrizes do programa e sua compreensão por seis stakeholders do corpo gestor. Na segunda, por meio de entrevista com 15 atores diretamente atuantes no programa e nas três verticais selecionadas para o estudo, procurou-se compreender a demanda por avaliação. A análise deu-se sobre o propósito, as diretrizes metodológicas e as premissas para uso da avaliação frente às abordagens Formativa, Somativa e Desenvolvimental.

Quanto ao propósito da avaliação, a análise por grupos de entrevistados identificou perspectivas diferentes, configurando três níveis de avaliação com necessidades distintas: Participantes, Grupos e Programa. A demanda nos diferentes níveis reflete elementos das três abordagens avaliativas analisadas. As diretrizes metodológicas e as premissas para implementação e uso da avaliação recaem também sobre as múltiplas abordagens, acompanhando o propósito da avaliação. A demanda revelada na pesquisa requer o apoio das três abordagens avaliativas.

Frente ao propósito, os focos da avaliação variaram em decorrência dos diferentes papéis de cada ator junto ao programa, e em virtude dos diferentes níveis de maturidade dos grupos entrevistados. Três níveis foram configurados, os quais diferem quanto à proposta de uso da avaliação e seu valor percebido, apoiando-se em abordagens distintas. As perguntas avaliativas e premissas para implementação e uso relacionam-se aos propósitos analisados. As diferenças evidenciadas são importantes no que tange ao foco da avaliação e desdobramentos práticos, sugerindo a necessidade de desenhos específicos.

KING, J. A., ALKIN, M. C. The Centrality of Use: Theories of Evaluation Use and Influence and Thoughts on the First 50 Years of Use Research. American Journal of Evaluation, v. XX, p. 1-28, dec. 2018. PATTON, M. Q. Utilization-focused evaluation. 4 ed. Thousand Oaks: Sage Publications, 2008 PATTON, M. Q. Developmental Evaluation: Applying Complexity Concepts to Enhance Innovation and Use. Guilford Press, New York. 2011 WORTHEN, B. R., SANDERS, J. R., FITZPATRICK, J. L. Avaliação de Programas: concepções e práticas. São Paulo: Edusp. 2004.