Resumo

Título do Artigo

Proposição de um Critério Para Mensuração de Capital Cultural na Sociedade Brasileira
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Palavras Chave

Capital cultural
Classe social
Classificação social

Área

Marketing

Tema

Cultura e Sociedade

Autores

Nome
1 - Custódio Genésio da Costa Filho
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - Florestal
2 - Renato Borges Fernandes
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS (UNIPAM) - Pró-Reitoria de Planejamento, Administração e Finanças
3 - Ronaldo Pereira Caixeta
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS (UNIPAM) - Comissão Permanente de Avaliação - CPA

Reumo

O entendimento da mecânica e das consequências sociais do consumo utilizado para expressar a posição social tem sido o centro de um rico debate teórico (BOURDIEU, 1984; SIMMEL, 1904; VEBLEN, 1988). Para Bourdieu, a vida social envolve um jogo multidimensional de status, em que as pessoas fazem uso de três tipos de capitais: econômico, social e cultural. Assim, o capital deixa de ser apenas um recurso econômico e passa a incluir tudo aquilo que é “decisivo para assegurar o acesso privilegiado a todos os bens e recursos escassos em disputa na competição social” (SOUZA, 2013, p. 58).
Conforme afirma Bourdieu (1984), o capital cultural passou a representar um fator de destaque na determinação da classe social e do comportamento de consumo, mas o problema é que esta dimensão tem sido negligenciada pelas diversas metodologias de classificação social. Assim sendo, este trabalho objetivou propor uma metodologia de avaliação do capital cultural a partir de uma classificação do capital cultural, que possa ser combinada com uma classificação econômica em direção a uma classificação social mais ampla e adequada.
Bourdieu (1984) assegura que o capital cultural é um recurso valioso, pois pode ser transformado em capital social e capital econômico e pode ser utilizado como fonte de valor e de distinção social. Assim, é importante entender a natureza da relação entre valores, motivações e processo de informação e a decisão de compra interclasses, seja pela inadequação de instrumentos ou de esquemas de classificação social (MATTOSO, 2006), já que “os bens não são mais valorados economicamente, mas, sim, simbólica e culturalmente” (GAIÃO; SOUZA; LEÃO, 2011, p. 332).
Esta pesquisa qualitativa e descritiva foi realizada via dois grupos de foco e 18 entrevistas individuais com integrantes da classe média da região metropolitana de Belo Horizonte (MG). Foi utilizada a escala de capital cultural desenvolvida por Holt (1998) e utilizada por Ustuner e Holt (2010), a qual utiliza as medidas: nível educacional e ocupação profissional do pai e nível educacional e ocupação do entrevistado. Para a análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo.
Foram identificadas categorias de difícil mensuração do capital cultural, elas representam diferenças sutis no âmbito da escolha e da utilização, da moda e das marcas, dos objetivos e dos propósitos, da diversificação, e no âmbito do gosto e da frequência. Posteriormente, os dados indicaram as categorias úteis para a mensuração do capital cultural, relativas à ocupação profissional, qualidade da formação educacional (educação básica em instituições privadas e curso superior em instituições renomadas), leitura de livros, domínio de língua estrangeira e viagens internacionais.
Na escolha das categorias de mensuração, procurou-se evitar as disparidades regionais brasileiras, indicar distinção contundente e objetiva, evitar captar o “pseudocapital cultural” e exigir uma perenidade maior (ser de difícil aquisição). Os resultados apresentam diversos campos sociais do comportamento de consumo cultural que foram preteridos da metodologia por indicarem uma distinção social sutil ou de difícil mensuração em um questionário estruturado. Por fim, o trabalho apresenta os itens úteis a uma avaliação do nível de capital cultural e sugere uma métrica para avalia-los.
BOURDIEU, P. Distinction. London: Routledge, 1984. 613 p. GOLDTHORPE, J. H. On sociology: numbers, narratives, and the integration of research and theory. New York: Oxford University Press, 2000. 352 p. KAMAKURA, W.; MAZZON, J. A. Critérios de estratificação e comparação de classificadores socioeconômicos no Brasil. RAE-Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 56, n. 1, p. 55-70, 2016. USTUNER, T.; HOLT, D. B. Toward a theory of status consumption in less industrialized countries. Journal of Consumer Research, Gainesville, v. 37, p. 37-56, June 2010.