Resumo

Título do Artigo

TRAJETÓRIA DE CARREIRA NO ARTESANATO: UM ESTUDO COM XILOGRAVURISTAS DO CARIRI CEARENSE
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Palavras Chave

Desafios da Carreira
Redes de relacionamento na carreira
Xilogravura

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Carreiras e Competências

Autores

Nome
1 - Carlos Leandro Soares Vieira
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA) - Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA)
2 - REBECA DA ROCHA GRANGEIRO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA) - Campus Juazeiro - Centro de Ciências Sociais Aplicadas
3 - Luana Pinheiro Nabor
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Reumo

A ideia de construção profissional atrelada ao crescimento nas hierarquias organizacionais e permanência em uma única organização, enfraqueceu-se devido às mudanças no mundo trabalhista, como consequência surgiram novas concepções de carreira que fazem oposição a essa ideia tradicionalista, as carreiras modernas (CHANLAT, 1995). Dentro do escopo de carreiras modernas estão as carreiras criativas, pertinente a profissionais das indústrias criativas, que pode ser caracterizada por setores que possuem a criatividade como elemento primordial do negócio, grupo onde os artesãos se inserem.
De acordo com Faria e Silva (2017) existe uma carência de pesquisas que analisem o artesanato à luz dos estudos organizacionais, consequentemente, também de estudos que analisam a carreira de artesãos. Dessa forma, propõe-se como objetivos deste artigo analisar a trajetória de carreira de artesãos xilogravuristas da região do Cariri cearense a partir de três principais influências: as motivações para iniciar no ofício artesanal; os desafios que eles enfrentaram e enfrentam na carreira; e o papel que assumem as redes de relacionamento destes artesãos ao longo de sua trajetória profissional.
O referencial teórico está subdivido em 3 seções. A primeira faz uma breve contextualização acerca do artesanato do Cariri Cearense, trazendo aspectos de definição da atividade e um apanhado histórico dentro da região. A segunda seção traz algumas notas acerca da xilogravura a partir de definições da tipologia e inserção da atividade na região caririense. Por fim, a terceira e última seção faz uma discussão dos modelos tradicionais e modernos de compreensão das trajetórias de carreira, inserindo a compreensão a partir do setor de trabalho em que os artesãos são participantes.
Esta pesquisa se caracteriza como explicativa de cunho qualitativa. A estratégia utilizada dentro desta abordagem foi a História de Vida. Como ferramenta de coleta de dados, optou-se pela entrevista que possuía um roteiro semi-estruturado. Os participantes da pesquisa em questão são dois xilogravuristas renomados da região caririense: José Lourenço e Carlos Henrique. Foram realizadas duas entrevistas com cada artesão, com uma duração média de 90 minutos que geraram um dossiê de 70 laudas de transcrição. Para tratamento dos dados foi empregada a análise de conteúdo temática.
Nos resultados encontrados, percebe-se que ambos possuíram diferentes fatores que influenciaram no início da atividade. Enquanto José Lourenço teve contato com a técnica e com xilogravuristas de renome desde sua infância, Carlos Henrique iniciou a realizar entalhes tardiamente e sem o conhecimento do nome da técnica empregada. Quanto aos desafios enfrentados, ambos relataram como principal dificuldade adquirir recursos financeiros suficiente a partir do ofício. Ademais, constatou-se a importância das redes de relacionamento para a visibilidade e comercialização das obras de xilogravura.
Com os resultados obtidos deste trabalho, é possível observar que os artesãos examinados desenvolveram estratégias para enfrentar os desafios que se apresentaram ao longo de suas trajetórias profissionais. Entre estas estratégias estão: utilização das redes de relacionamento criadas, apoio familiar, desenvolvimento de técnicas aprendidas para o aprimoramento dos seus artefatos, e persistência na realização de trabalhos que no início não se mostravam rentáveis suficientes para manutenção profissional.
As principais referências bibliográficas deste artigo foram extraídas das pesquisas a seguir: Chanlat (1995); Duarte e Silva (2013); Braun e Clarke (2006); Gibb (1997); Beck (2007); Carvalho (1995); Hustad (2004); Rabelo (1967); Faria e Silva (2017), dentre outras que foram tratadas ao longo do corpo do texto.