Resumo

A partir de indícios de que a gestão de pessoas (GP), em organizações públicas, é influenciada por aspectos contextuais de natureza política, como os grupos de interesse que participam do processo decisório, apoio concedido pela alta administração, descontinuidade administrativa e habilidades políticas dos gestores da área, entendidos como parte do fenômeno denominado de política organizacional (PO), cuja interface com a gestão de pessoas é ainda pouco estudada, faz-se necessário ampliar a exploração teórica sobre o tema.

Dados esse cenário, a relevância do entendimento de fenômenos políticos para a GP do setor público e a agenda de pesquisa traçada por revisões relativamente recentes sobre gestão estratégica de pessoas e GP, no sentido de que futuras pesquisas investigassem a influência de interesses dos múltiplos atores com que a unidade de GP interage e as maneiras pelas quais os gestores de GP poderiam atuar politicamente na implementação das iniciativas da área, este ensaio teve por objetivo elaborar um modelo hipotético de relações entre a PO e a GP e seus impactos para resultados de GP no setor público.

Conceito e principais elementos da política organizacional, comportamentos políticos, processo de influência organizacional, relações com a gestão de pessoas, modelos teóricos já existentes sobre a interface entre PO e GP e variáveis contextuais de natureza política relacionadas à GP já identificadas por estudos anteriores no setor público.

Por meio da integração dos conceitos abordados, foi elaborado um modelo hipotético orientador para a investigação de como a PO interage com e interfere nos processos e práticas de GP no âmbito da administração pública, abrangendo as seguintes variáveis: configuração política, descontinuidade administrativa, apoio da alta administração, habilidade política da liderança de GP, bem como a inserção estratégica, a reputação e a autonomia das unidades de GP. O modelo aventa, com base na literatura, as possíveis relações entre tais variáveis.

O ensaio, por meio da conjugação da literatura disponível sobre a interface entre a PO e a GP, propôs um modelo hipotético orientador para futuras pesquisas que procurem compreender a dinâmica contextual da administração pública em que os processos e práticas de GP, bem como sua efetividade, estão inseridos, o que possibilita, por sua vez, lentes de análise para futuras investigações teórico-empíricas acerca da interface entre a PO e a GP no setor público, que poderão testar tais relações, além de definir constitutiva e operacionalmente as variáveis envolvidas.

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