Resumo

Título do Artigo

“JÁ SUPUSERAM QUE OS ALUNOS GOSTAVAM DA MINHA AULA POR EU SER UMA PROFESSORA ‘BOA’” - A VIVÊNCIA DE MULHERES NA DOCÊNCIA EM CONTABILIDADE: UMA ANÁLISE À LUZ DA TEORIA DE BOURDIEU
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Palavras Chave

violência simbólica
universidade
Teoria de Bourdieu

Área

Finanças

Tema

Contabilidade e Sociedade

Autores

Nome
1 - Edmery Tavares Barbosa
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Departamento de Finanças e Contabilidade - CCSA
2 - João Paulo Resende de Lima
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo - FEA - PPGCC
3 - FERNANDA BORGES DE MIRANDA
-
4 - Ana Lúcia Candeia de Lima
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB) - Campus I

Reumo

No que diz respeito à docência no ensino superior no Brasil, as mulheres representavam 45,11% dos docentes (CASA NOVA, 2012). Esse tratamento diferenciado é resultado de uma construção social na qual, os estereótipos criados tornam-se barreiras para a inserção da mulher no mercado de trabalho, seja por meio das estruturas organizacionais, como pelas atitudes pessoais de empregadores, clientes ou colegas de trabalho, não eximindo o mercado contábil de tal situação (BARBOSA, 2017).
A violência simbólica tem sido analisada em vários contextos, dentre eles: no contexto escolar (CHARLOT, 2002), no contexto da Polícia Militar de Minas Gerais (CAPPELLE, 2006) e em entidades de classe como o CRC (BARBOSA, 2017), mas até o momento não foram identificados estudos que analisaram o fenômeno no contexto universitário por meio da análise da percepção das docentes. Mediante exposto, a questão de pesquisa que se apresenta é: quais são os aspectos do ambiente de atuação das docentes do curso de ciências contábeis ofertados por IES no Brasil?
Os diferentes tipos de organização reproduzem a estrutura construída pela sociedade no que diz respeito as relações de gênero e a segregação horizontal e vertical no que Bourdieu chama de violência simbólica, ou seja, comportamentos e atitudes que fazem com que ações do grupo dominante sejam interpretadas como naturais pelo grupo dominado, como também, o grupo dominado colabora para que a violência simbólica se perpetue (BARBOSA, 2017). Para Bourdieu (2002), muitas vezes as mulheres precisam “lutar, permanentemente, para ter a palavra e manter a atenção”.
Para a realização desta pesquisa, a tipologia escolhida quanto aos objetivos foi a pesquisa exploratória e descritiva. O questionário foi aplicado por meio do formulário eletrônico (google docs), com as docentes dos cursos de Ciências Contábeis ofertados de maneira presencial pelas Instituições de Ensino Superior Públicas e Privadas do Brasil. Foram recebidas ao total 84 respostas das docentes.
Observou-se indícios da existência do fenômeno teto de vidro na experiência das respondentes, tais indícios são embasados no fato de que a maior parte das respondentes nunca ter assumido o cargo de chefia de departamento em suas instituições e as que assumiram tiveram sua autoridade fortemente questionada. Foram observados ainda indícios de violência simbólica por meio não só dos pares e superiores, mas também dos estudantes, além da existência de um sentimento de culpa ligada às cobranças de que as respondentes assumissem o papel de cuidadora da família.
Com relação ao ambiente de atuação delas poucas foram as respondentes que afirmaram terem precisado alterar o seu comportamento para serem aceitas no ambiente de trabalho ou que tiveram suas capacidades intelectuais questionadas por colegas e alunos homens pelo fato de serem mulheres. Segundo Bourdieu determinados comportamentos estão enraizados na sociedade de uma maneira tal que o grupo dominado as considera como naturais, e, não obstante, ainda propagam tais comportamentos dentro do campo de atuação.
BARBOSA, E. T. Mulheres no conselho regional de contabilidade da Paraíba: uma análise à luz da teoria do poder simbólico de Bourdieu. Dissertação (Mestrado em Contabilidade), Universidade Regional de Blumenau. Blumenau, 2017. BOURDIEU, P. A dominação masculina. 3 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. CASA NOVA, S. P. C. Impactos de mestrados especiais em contabilidade na trajetória de seus egressos: um olhar especial10 para gênero. Revista de Contabilidade e Controladoria, Curitiba, v. 4, n. 3, p. 37-62, 2012.