Resumo

De acordo com a literatura, a progressiva integração das economias mundiais é responsável por um aumento no número de fusões e aquisições transfronteiriças, juntamente com a crescente participação de empresas de países emergentes nesse tipo de investimento. Entretanto, os estudos da área focam suas análises sobre os fatores determinantes, antecedentes e de lucratividade das empresas, deixando os efeitos desse tipo de negócio no risco operacional das empresas envolvidas como uma lacuna a ser explorada.

A questão problema que irá orientar este estudo é: Quais são os impactos das F&A transfronteiriças no risco operacional das empresas de economias desenvolvidas que adquirem empresas de economias desenvolvidas e emergentes? O objetivo geral é verificar de que forma os fatores intrínsecos as F&A transfronteiriças afetam o risco pós aquisição das empresas de economia desenvolvida que se envolvem em aquisições com empresas alvo oriundas de países de economia emergente e desenvolvida.

Apesar do tema fusões e aquisições ser recorrente em finanças não há na literatura uma definição clara do termo, e as existentes são pouco definidas e dispersas, portanto este trabalho considera as definições de Tanure e Cançado (2005) para os termos F&A. F&A transfronteiriças as transações com tais características que tenham sido realizadas por empresas sediadas em diferentes países (Tanure & Cançado, 2005). As F&A domésticas e as transfronteiriças, acontecem por uma razão em comum, o ganho de sinergia (Erel, Liao & Weisbach, 2012).

o presente trabalho utiliza um modelo de regressão linear múltipla baseada no método dos mínimos quadrados ordinários para identificar a relação entre o acontecimento de uma fusão e aquisição transfronteiriça e os impactos no risco operacional das empresas. a amostra desta pesquisa são firmas não financeiras de capital aberto sediadas em países desenvolvidos e que realizaram aquisição de empresas de outros países desenvolvidos e também países emergentes.

Os principais resultados foram: (a) a distância institucional não apresentou uma relação estatisticamente significante com o risco da empresa adquirente; (b) a capitalização das ações como uma proxy para o valor de mercado, verificou-se que apresentou uma pequena relação com as empresas de economias emergentes, mas o valor do coeficiente não foi expressivo numericamente; (c) quanto à experiência constatou-se que em ambas as amostras de empresas adquiridas, a variável obteve um coeficiente significativo estatisticamente.

Acredita-se que este trabalho foi pioneiro em muitos aspectos de sua construção, visto que é majoritariamente focado na dinâmica dos mercados emergentes e suas interações com mercados desenvolvidos, além de buscar analisar variáveis pouco abordadas na literatura de F&As, como o caso do risco operacional, das diferenças entre as culturas do países e suas instituições formais, o que pode gerar uma nova abordagem dentro da literatura de F&As.

Erel, Isil; Liao, Rose C.; Weisbach, Michael S. (2012). Determinants of cross‐border mergers and acquisitions. The Journal of Finance, v. 67, n. 3, p. 1045-1082. Tanure, Betania; Cançado, Vera L. (2005) Fusões e aquisições: aprendendo com a experiência brasileira. RAE-revista de administração de empresas, v. 45, n. 2. Unctad (2017). World investment report 2017: Investment and the digital economy. Vieira, M.R. (2018). Fusões e Aquisições Transfronteiriças: O Seu Efeito na Performance das Empresas: Um Estudo do Continente Europeu. (Dissertação). Faculdade de Economia. Universidade do Porto.