Resumo

Os serviços prestados pela maioria dos hospitais brasileiros, vêm registrando baixa qualidade no atendimento das demandas da sociedade do país. A gestão da qualidade nos referidos hospitais ganhou impulso maior a partir de 1990, com a criação do Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar, operacionalizado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). Em 2015, apenas 227 hospitais do Brasil, foram certificados pela ONA, de um total de pouco mais de seis mil registrados (HAYASHI, MUSETTI e MOSCHETTO, 2016), sinalizando o estágio incipiente em que se encontram em termos de qualidade.

Ao que parece, a questão da qualidade nos hospitais brasileiros vem se limitando ao uso de algumas ferramentas do sistema de avaliação da qualidade (ou acreditação no caso específico de hospitais), como se estas fossem capazes de criar, de forma isolada, uma cultura da qualidade em todo contexto organizacional. Diante deste cenário emergiu o seguinte problema de pesquisa: quais ferramentas vêm sendo adotados para a gestão da qualidade nos hospitais brasileiros de 2007 a 2017?

A questão da qualidade nas empresas prestadoras de serviços na área da saúde, está atrelada ao uso de ferramentas de gestão em seus processos e a avaliação de seus resultados (MELLO, 2011). Para Marshal Jr. et al. (2006) muitas empresas no Brasil, quando da implantação de um sistema de gestão da qualidade, se utilizam tão somente de algumas das ferramentas da qualidade de forma isolada, o que compromete sua eficácia. Monteiro (2012) afirma que o uso de ferramentas para implantar um sistema de gestão da qualidade se mostra eficaz quando são utilizadas em conjunto e de forma articulada.

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, do tipo levantamento, sob enfoque qualitativo, cujo principal instrumento de coleta de dados foi a pesquisa bibliográfica e para sua interpretação utilizou o Método de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2011). O universo da pesquisa foi composto de artigos científicos sobre gestão da qualidade em hospitais no país, disponíveis nas bases de dados LILACS, SciELO e BDENF de 2007 a 2017. Utilizou-se de amostra intencional para a coleta dos dados com base nos critérios: data de publicação, expressões chaves, tipo de material, área de interesse e idioma.

Foram identificados 69 artigos científicos no período observado e 31 preencheram todos os critérios da amostra estipulada. Na base de dados SciELO foi encontrado o maior número (14) voltado à gestão da qualidade em hospitais. O volume de artigos científicos publicados no período analisado foi de 2,8 artigos por ano, o que sugere pouco interesse na temática em pauta. Das seis ferramentas identificadas para a gestão da qualidade nos hospitais brasileiros, destacaram-se o Controle Estatístico de Processo e a Auditoria Interna. Salienta-se que a maioria delas foi empregada de modo isolado.

A maior parte dos artigos selecionados para a pesquisa (77,4%) abordavam questões genéricas sobre sistemas de qualidade em hospitais e apenas 22,6% contemplavam as ferramentas da qualidade em hospitais, de modo pontual e pouco aprofundado. Foram identificadas as seguintes ferramentas da qualidade: Brainstorming, Diagrama de Causa e Efeito, 5S, 6 Sigma, Auditoria Interna e Controle Estatístico de Processo, com maior ocorrência destas duas últimas, revelando o limitado uso destas no contexto dos hospitais brasileiros.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Ed. 70, 2011. HAYASHI, A. P.; MUSETTI, T. F.; MOSCHETTO, D. A. Impactos das práticas de acreditação na melhoria do serviço hospitalar no Brasil: revisão sistemática com uso do Start. In: XXXVI Enegep. João Pessoa-PB, 2016. MARSHALL JUNIOR, I et al. Gestão da qualidade. Rio de Janeiro: FGV, 2006. MELLO, C. H. P. Gestão da qualidade. São Paulo: Person do Brasil, 2011. MONTEIRO, L. A. S. A qualidade dos serviços nas corretoras de seguros de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, na percepção de seus profissionais, 2011. In: Simpep. Bauru/SP, 2012.