Resumo

Título do Artigo

A moeda social como instrumento de inovação social: o caso do Banco Palmas
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Palavras Chave

Moeda social
Inovação social
Banco Palmas

Área

Gestão da Inovação

Tema

Dimensões Criativas, Comportamentais e Culturais da Inovação

Autores

Nome
1 - Barbara Braga Cruz
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC)
2 - Sandra Maria dos Santos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

Reumo

Devido aos problemas sociais resultantes de crises, surgem discussões voltadas para novos modelos que permitam realizar uma mudança social (MULGAN et al., 2007). A inovação social trata da busca por uma nova resposta, como uma visão alternativa para o desenvolvimento das comunidades, a fim de suprir uma necessidade social, em busca do bem-estar (CLOUTIER, 2003; MOULAERT et al., 2007). Assim, instrumentos de inovação social são identificados em prol das comunidades: as moedas sociais, que apresentam questões envolvendo o seu uso como objeto de transformação social (KOHLER; OLIVEIRA, 2013).
O objetivo geral deste trabalho é investigar como as dimensões da inovação social, à luz o modelo de Tardif e Harrisson (2005), se refletem em formas de organizações baseadas no uso de moedas sociais. Têm-se como objetivos específicos: Analisar os elementos da dimensão “Transformações”; Analisar os elementos da dimensão “Caráter Inovador”; Analisar os elementos da dimensão “Inovação”; Analisar os elementos da dimensão “Atores”; Analisar os elementos da dimensão “Processos”.
A moeda social agrega valor à produção local, constituindo-se como uma nova forma de acesso ao crédito, realizando ações voltadas para o consumo e investimento, que inclui a comunidade no círculo de produção e estabelece estratégia para o desenvolvimento da comunidade (INSTITUTO BANCO PALMAS; NESOL-USP, 2013). Nesse sentido, Tardif e Harrisson (2005) propuseram um modelo de análise para sistematizar os elementos da inovação social, estabelecendo cinco categorias de análise: “Transformações”, “Caráter Inovador”, “Inovação”, “Atores” e “Processos”.
Este trabalho é de natureza qualitativa e descritiva (GIL, 2012). Utilizou-se como estratégia o estudo de caso único e coleta de dados através de pesquisa documental, técnica de observação direta e entrevistas. A análise dos dados foi feita por meio da técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2016), com uso do software Atlas.ti. O caso analisado refere-se ao banco de desenvolvimento comunitário Banco Palmas, localizado na comunidade do Conjunto Palmeiras, periferia da cidade de Fortaleza (CE).
Conforme modelo utilizado, evidenciou-se que o contexto de lutas sociais do bairro levou à criação do banco e da moeda social, o caráter inovador através dos novos arranjos institucionais levou a um modelo de governança, a inovação é de escala local e para o bem comum, há participação de atores vindos de contextos e setores diferentes, os principais processos identificados foram participação, aprendizagem, difusão e empoderamento, além de restrições em relação aos recursos insuficientes para as demandas do banco e a rigidez institucional no aspecto legal do funcionamento da instituição.
Na perspectiva de Tardif e Harrisson (2005), o Banco Palmas configura-se como uma inovação social. Refere-se a uma iniciativa em estado de institucionalização, já que a formalização dos processos e a profissionalização são mudanças observadas com relação ao início da atuação (MOREIRA, 2017; MOULAERT et al., 2005). Ademais, a moeda social é exemplo de que a sensibilização da comunidade frente aos seus desafios pode tornar-se a chave para se obter o sucesso da iniciativa, visto que, nesse contexto, possui o sentido de nivelar os interesses gerais e coletivos, gerando o bem-estar da comunidade.
CLOUTIER, J. Qu‟est-ce que l‟innovation sociale? In: CRISES. Centre de Recherche sur lês Innovations Sociales. Cahier du CRISES. Québec, p. 1-46, 2003. INSTITUTO BANCO PALMAS; NESOL-USP. Banco Palmas 15 anos: resistindo e inovando. São Paulo: A9, 2013. TARDIF, C; HARRISSON, D. Complémentarité, convergence e transversalité: La conceptualization de l‟innovation sociale au CRISES. In: CRISES. Centre de Recherche Sur Les Innovation Sociales. Cahiers du CRISES. Québec, p. 1-81, 2005. YIN, Robert K. Estudo de caso. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.