Resumo

A complexidade envolta na distribuição de valor, enquanto uma atividade em atendimento às demandas dos stakeholders chama atenção sobre a necessidade de compreender quais são os desejos ou “claims” dos stakeholders. Essa lógica remete à noção de materialidade, que é expressa em função daquilo que estes julgam importante, significativo, ou como é reconhecido na literatura, aquilo que é material (CANNING; O’DWYER; GEORGAKOPOULOS, 2019), advindo assim, a necessidade de entender a materialidade dos stakeholders.

O presente trabalho é conduzido e delineado pela seguinte questão: Como o alinhamento entre a materialidade dos stakeholders e o valor distribuído pela empresa está relacionado ao desempenho organizacional? O principal objetivo desta pesquisa é analisar, de forma empírica, a relação do alinhamento entre a materialidade dos stakeholders e o valor distribuído pela empresa no desempenho organizacional.

O valor distribuído aos stakeholders promove o desempenho organizacional (TANTALO; PRIEM, 2016; HARRISON; BOSSE, 2013) e o valor entregue ao stakeholder, o qual ele não utiliza, não provoca efeito no desempenho (KHAN; SEFAREIM; YOON, 2015; HARRISON; BOSSE; PHILLIPS, 2010). Assim, valores distribuídos sem alinhamento com a materialidade significam perdas para a empresa, uma vez que esforços foram envidados para a entrega desse valor. A eficiência na distribuição de valor vem do alinhamento desta com a materialidade. Hipótese: O alinhamento de valor está positivamente associado ao desempenho.

Os dados utilizados para responder aos objetivos propostos nesta pesquisa são dados secundários obtidos nos relatórios do ISE, na matriz de materialidade presente nos relatórios de sustentabilidade das empresas que seguem os padrões GRI e nos balanços patrimoniais divulgados pelas empresas. Foi calculado o grau de alinhamento entre o que é material para os stakeholders e o que foi distribuído pela empresa, obtendo-se o alinhamento do valor e foi mensurado se o maior alinhamento influencia no desempenho da empresa.

Nos modelos testados a variável que buscava testar a hipótese da tese, foi sustentada mostrando, empírica e estatisticamente que um maior alinhamento de valor está associado, positivamente, ao desempenho. Sendo assim, existem evidências de que, quando o alinhamento de valor está acima da média, se observa também, desempenho acima da média.

O objetivo principal foi analisar, de forma empírica, a relação do alinhamento entre a materialidade dos stakeholders e o valor distribuído pela empresa com o desempenho organizacional. Com uso da técnica de regressão linear múltipla e com o ROA e ROAt+1 como variáveis dependentes, foi possível concluir, estatisticamente, que aquelas empresas com maior média de alinhamento apresentam maiores médias de desempenho. A hipótese da tese é confirmada, mostrando, empiricamente, que o alinhamento de valor está associado positivamente ao desempenho, respondendo à questão de pesquisa.

ACCOUNTABILITY. Redefining materiality II. Why it matters, who's involved and what it means for corporate leaders and boards. New York: 2013. HARRISON, J. S.; BOSSE, D. A. How much is too much? The limits to generous treatment of stakeholders. Business Horizons, v. 56, n.3, p. 313-322, 2013. KHAN, M., SERAFEIM, G., YOON, A. "Corporate Sustainability: First Evidence on Materiality." Harvard Business School Working Paper, No. 15-073, March 2015. TANTALO, C, PRIEM, R. L. Value creation through stakeholder synergy. Strategic Management Journal, v. 37, n, 2, p. 314-329, 2016.