Resumo

Título do Artigo

DO PRAZER AO SOFRIMENTO NO TRABALHO: O DISCURSO DAS TRABALHADORAS RURAIS ENSACADEIRAS
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Palavras Chave

Prazer e Sofrimento
Mulheres Ensacadeiras
Trabalho Rural

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Genero, Diversidade e Inclusão nas Organizações

Autores

Nome
1 - Maria dos Santos Pereira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - CAMPUS DE FLORESTAL
2 - Adriana Ventola Marra
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - INSTITUTO DE CIENCIAS HUMANAS E SOCIAIS - CAMPUS DE FLORESTAL
3 - Débora Dias Resende
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA (UFV) - CAMPUS FLORESTAL
4 - Samara de Menezes Lara
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS (UFMG) - Belo Horizonte

Reumo

O trabalho, em seu conceito, pode apresentar variados significados para cada ser social, sendo percebido como uma carreira, um emprego ou até uma vocação. Desta forma, o trabalho pode apresentar conceitos distintos, porém, faz parte da construção da vida em sociedade de cada indivíduo (DEJOURS, 1992). No que tange os trabalhadores rurais da produção avícola que atuam em granjas de frango, estes muito adoecem no Brasil, sendo as mulheres particularmente afetadas, pois compõem uma parcela expressiva da força de trabalho que atua neste setor (CAMPOS, 2016).
Diante do contexto apresentado, nos deparamos com o seguinte problema de pesquisa: Como as trabalhadoras rurais ensacadeiras (limpam o aviário retirando os excrementos das aves acumulado sobre o piso) percebem o prazer e/ou sofrimento em seu trabalho nas granjas de frango em que atuam? A fim de encontrar respostas que possam solucionar o questionamento levantado, definiu-se como objetivo geral deste estudo: identificar e analisar as percepções de prazer e/ou sofrimento no trabalho das ensacadeiras que atuam nas granjas de frango de uma empresa avícola da cidade de Pará de Minas/MG.
A vivência do prazer no trabalho se dá quando o sujeito compreende que, o trabalho que desenvolve é significativo e relevante, tanto na esfera profissional como na social. Quando o reconhecimento não acontece, têm-se as vivências de sofrimento (DEJOURS, 1992; MENDES, 2007). Direcionando às experiências de prazer e/ou sofrimento à organização do trabalho rural, este possui fatores que colaboram para a existência de uma carga de trabalho que pode atingir o trabalhador de forma física como psíquica, causando possíveis danos à sua saúde (ROCHA et al., 2015).
Para compreender as vivências das ensacadeiras de cama de frango quanto ao prazer e/ou sofrimento em seu trabalho, realizou-se uma pesquisa qualitativa de caráter descritivo, com uma perspectiva baseada no construtivismo social. Foram realizadas 16 entrevistas semiestruturadas, com duração média de 60 minutos. A seleção das participantes da pesquisa se deu a partir da técnica bola de neve, e a quantidade de entrevistas delineada a partir da saturação dos dados (CRESWELL, 2007). O corpus de pesquisa foi analisado pela análise do discurso (AD) de corrente francesa.
Como resultados, tem-se que as vivências de sofrimento das entrevistadas advêm de se encontrarem imersas em um ambiente de trabalho que apresenta normas que limitam sua autonomia, onde há controles e ritmos acelerados de trabalho e ambiente desfavorável a comunicação e interação profissional. Já as vivenciam de prazer ocorrem por meio do horário de trabalho, empoderamento, autonomia financeira e reconhecimento como mulheres “fortes” se comparadas aos homens. Contudo, o reconhecimento da organização em suas dimensões de constatação e gratidão não é percebido pelas entrevistadas.
O trabalho rural apresenta condições de trabalho precárias e grandes cargas de trabalho, muito das vezes inerentes à própria atividade, acometendo tanto homens como mulheres. Percebeu-se que o prazer proporcionado pelo trabalho de ensacação nos galpões é mínimo, se contraposto com os sofrimentos causados pela mesma atividade. Constatou-se ainda que, devido à pesada carga de trabalho e as más condições de trabalho que conduzem as posturas inadequadas, muitas trabalhadoras tem a sua saúde física agredida, apresentando em sua maioria danos físicos e doenças osso musculares.
CAMPOS, A. A indústria do frango no Brasil. Repórter Brasil – Organização de Comunicação e Projetos Sociais. São Paulo, 2016. CRESWELL, J. W. Projeto de Pesquisa: Métodos Qualitativo, Quantitativo e Misto. 2ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2007. DEJOURS, C. A loucura do trabalho: estudo de psicopatologia do trabalho. São Paulo: Cortez Oboré, 1992, 168p. MENDES, A. M. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. ROCHA, L. P. et. al. Cargas de Trabalho e Acidentes de Trabalho em Ambiente Rural. Texto Contexto Enfermagem, v. 24, n. 2, 2015.