Resumo

Título do Artigo

MODELO DE NEGÓCIOS DAS EMPRESAS SOCIAIS BRASILEIRAS: insights sobre a criação, configuração e captura de valor
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Palavras Chave

Modelo de negócios
Criação, configuração e captura de valor
Empresas sociais

Área

Empreendedorismo

Tema

Empreendedorismo Social

Autores

Nome
1 - Gleycianne Rodrigues Araújo
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ (PUCPR) - PPAD - Programa de Pós-graduação em Administração
2 - Márcia Ramos May
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ (UFPR) - DAGA/PPGADM

Reumo

As empresas sociais (ES) almejam criar valor social – ao endereçar suas atividades à diminuição de um problema social, mas também valor financeiro – ao comercializar produtos ou serviços que geram os recursos que financiam a organização. Esse tipo de empresa pode ser considerado uma resposta ao atual cenário econômico, onde nota-se o aumento da importância dada ao fator social e ecológico. Não obstante aos diversos estudos que investigam a relevância das ES e seu potencial de mudança na sociedade, faltam trabalhos que examinem seus momentos de criação, configuração e apropriação de valor.
Especificamente, há uma lacuna de conhecimento na forma como as ES orquestram seus recursos, suas atividades e seu negócio, com a finalidade de obter sucesso na geração de valor social e financeiro. Endereçando a este gap, o presente estudo tem o objetivo de investigar como ocorre a criação, configuração e apropriação de valor no modelo de negócios (MN) de ES brasileiras. Os três momentos de valor são observados a partir do framework Canvas de MN, considerando não apenas a arquitetura atual do modelo, mas também as alterações que ocorreram ao longo do tempo.
O MN é definido como “a descrição da lógica de criação, configuração e captura de valor (considerando a organização de recursos e suas interações) para os stakeholders” e foi operacionalizado por meio do framework Canvas devido a sua abrangência e parcimônia em relação aos outros modelos. O MN das ES brasileiras ainda está sendo experimentado e construído, mas a sua principal diferença dos tradicionais é que ele almeja reduzir a pobreza e melhorar os níveis de igualdade social. Neste estudo, o MN de três ES brasileiras é examinado.
Trata-se de um estudo qualitativo pós-positivista, de níveis exploratório e descritivo e de temporalidade transversal com aproximação longitudinal. A estratégia de pesquisa utilizada foi a de estudo de caso, realizada com três empresas sociais. Como fontes de coleta de evidências foram utilizadas entrevistas, observação não participante e dados secundários. Os dados foram tratados com a técnica de análise de conteúdo por meio do software Atlas.ti.
Entre outras coisas, constatou-se que que a causa social per si apesar de importante, não é suficiente para chancelar a atratividade do serviço ao cliente. Também verificou-se que as atividades-chave das ES podem ser classificadas em identificação da necessidade, prestação do serviço e acompanhamento dos resultados. Notou-se ainda uma preocupação das ES com a eficiência, sendo o maior custo mencionado o de pessoal. Com relação a inovação no MN, apesar de terem ocorrido modificações ao longo do tempo, as lógicas dos MNs foram mantidas.
Constatou-se que a criação de valor das ES é dependente do alinhamento entre a causa social e outros atributos considerados relevantes pelos clientes. Quanto à configuração de valor, notou-se que a metodologia é um recurso intelectual considerado relevante para o MN das ES. No que concerne à captura ou apropriação de valor, verificou-se que as ES têm arquitetado um MN que leva em consideração a produtividade e a eficiência para oferecer serviços a um preço aceitável ou abaixo do mercado, e com isso, aumentar a empresa, e por consequência, o impacto social obtido.
BOWMAN; AMBROSINI, 2000; YUNUS; MOINGEON; LEHMANN-ORTEGA, 2010; CAVALCANTE; KESTING; ULHØI, 2011; GEORGE; BOCK, 2011; OSTERWALDER; PIGNEUR, 2011; COMINI; BARKI; AGUIAR, 2012; SINKOVICS; SINKOVICS; YAMIN, 2014; HOLT; LITTLEWOOD, 2015; MEIRELLES, 2015; BACQ; EDDLESTON, 2016; COMINI, 2016; PETRINI; SCHERER; BACK, 2016; WIRTZ et al., 2016; COSTA, 2017, entre outros.