Resumo

A aplicação das novas tecnologias emergentes no meio financeiro ao redor do mundo tem sido liderada por esforços para desconstruir e repensar modelos de negócio consolidados (Adomavicius, Bockstedt, Gupta & Kauffman 2007). Criar novas experiências aos usuários, desenvolver soluções inovadoras, gerenciar a infraestrutura tecnológica, superar a rigidez do sistema legal e se colocar como alternativa no mercado tradicional são elementos que as organizações denominadas Fintechs precisam combater para sobreviver em um mercado restrito a grandes grupos.

Este trabalho tem como objetivo analisar a importância da tecnologia dentro do modelo de negócio de uma empresa do tipo Fintech ao propor o seguinte problema de pesquisa: qual é o direcionador do modelo de negócio de uma Fintech, a tecnologia ou inovação na cadeia de valor tradicional?

Schueffel (2017) conduziu uma revisão da literatura acadêmica e, após analisar as diversas definições, o autor compila a seguinte conceituação: “Fintech é uma nova indústria financeira que aplica tecnologia para evoluir as atividades financeiras” (p.45). Zott, Amit e Massa (2010) revelaram que o modelo de negócio tem sido empregado na tentativa de explicar: 1) o mercado eletrônico (e-business) e o uso da tecnologia da informação nas organizações; 2) questões estratégicas, como a criação de valor, vantagem competitiva e desempenho da empresa; e 3) inovação e gestão da tecnologia.

A metodologia empregada para a pesquisa foi o estudo de caso. Foram utilizados dados secundários investigados na revisão da literatura e dados primários obtidos através da pesquisa de campo de natureza exploratória e qualitativa. O objeto de estudo é uma empresa que oferece crédito para seus clientes por meio de plataformas digitais e em 2017 recebeu o maior aporte de investimento em uma Finech na América Latina. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas individuais e uma entrevista em grupo que foram realizadas durante o mês de junho de 2018.

Pôde ser observado através do caso, que a partir do amadurecimento do modelo de negócio, a tecnologia é um importante ativo na redução dos custos, no aumento da eficiência operacional e na garantia de um crescimento escalável do negócio. O caso em questão permitiu levantar um conjunto de hipóteses para estudos futuros: a) as Fintechs nem sempre nascem de tecnologias disruptivas; b) nem sempre a Fintech tem como objetivo eliminar um intermediário; c) estratégias não estão só no campo das tecnologias, mas da forma de gerar valor.

A empresa estudada demonstrou a importância de prototipar em ciclos curtos o seu modelo de negócio até conseguir amadurecê-lo para buscar um ganho de escala. Diferentemente do que foi apontado por Dapp et al. (2014), o caso não se destacou inicialmente por conta da tecnologia, mas pelo fato de encontrar uma engenharia financeira que permitisse com que a empresa oferecesse crédito a partir de um serviço pouco explorado no mercado brasileiro. As limitações desta pesquisa são inerentes ao estudo de um único caso, sendo assim, os resultados não podem ser generalizados.

Adomavicius, G.; Bockstedt, J.C.; Gupta, A.; & Kauffman, R.J. (2007). Technology roles and paths of influence in an ecosystem model of technology evolution. Information Technology and Management. Dapp, T. F., Slomka, L., &Hoffmann, R. (2014). Fintech: The digital (r)evolution in the financial sector. Deutsche Bank Research. Schueffel, P. (2017). Taming the beast: A scientific definition of Fintech. Journal of Innovation Management. Zott, C., Amit, R., & Massa, L. (2010). The Business Model: Theoretical Roots, Recent Developments, and Future Research, Navarra, Spain:IESE Business School.