Resumo

Título do Artigo

INTERLOCKING FINANCEIRO NAS COMPANHIAS DE CAPITAL ABERTO NO BRASIL
Abrir Arquivo

Palavras Chave

Board interlocking
Interlocking financeiro
Teoria da Dependência de Recursos

Área

Estudos Organizacionais

Tema

Abordagens Relacionais às Organizações

Autores

Nome
1 - Vanessa Ingrid da Costa Cardoso
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria
2 - Alessandra Carvalho de Vasconcelos
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - FEAAC
3 - MÁRCIA MARTINS MENDES DE LUCA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade
4 - Danival Sousa Cavalcante
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ (UFC) - Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

Reumo

O compartilhamento de integrantes da gestão é comum, especialmente da diretoria executiva e do conselho de administração das empresas, caracterizando o board interlocking. Além de atributos organizacionais, a situação econômico-financeira da empresa pode ser preponderante na opção pela prática do board interlocking. Essa concepção advém do que preconiza a Teoria da Dependência de Recursos, segundo a qual a busca por recursos que proporcionem benefícios à empresa advém de fatores externos, no caso, de outras empresas no mercado (Pfeffer & Salancik, 1978; Ribeiro, Colauto, & Clemente, 2016).
Qual a relação entre a situação econômico-financeira das empresas brasileiras de capital aberto e a prática do interlocking financeiro? Objetivo geral: investigar a relação entre a situação econômico-financeira das empresas e a prática do interlocking financeiro. Objetivos específicos: comparar a situação econômico-financeira e os fatores organizacionais de empresas com e sem relações com instituições financeiras; explorar o board interlocking em empresas não financeiras com e sem relações com instituições financeiras; e analisar o board interlocking entre instituições financeiras.
A Teoria da Dependência de Recursos preconiza que as empresas dependem umas das outras para conquistar recursos valiosos, e, portanto, estabelecer vínculos na tentativa de regular sua interdependência. Assim, por mais independente que aparente ser, a empresa não pode ignorar a contribuição para a captação de recursos advindos de fontes externas. Essa teoria defende que a empresa dependeria dos recursos incluídos em uma estrutura complexa de relações corporativas, motivando a prática de interlocking, o qual pode tanto agregar, como também persuadir os líderes de outras empresas (Pfeffer, 1972).
A amostra foi composta por 270 empresas listadas na B3 S. A., Brasil, Bolsa, Balcão em 2016, sendo 217 não financeiras e 53 financeiras. Como procedimentos de análise dos dados, realizou-se uma estatística descritiva, teste de diferenças entre médias, análise de correlação e análise de regressão logística. Na análise de regressão, a variável dependente foi adotar ou não a prática de interlocking financeiro, as variáveis independentes foram: número de membros do conselho de administração, grau de independência do conselho, tamanho da empresa, endividamento, Q de Tobin e ROA.
Constatou-se que as variáveis número de membros no conselho de administração, grau de independência e tamanho registraram diferenças quando comparados os grupos de empresas que praticam o interlocking financeiro. Observou-se que o interlocking financeiro em empresas não financeiras está correlacionado com número de membros no conselho, grau de independência e tamanho, ratificando o resultado do teste de diferenças entre médias. Na regressão logística, grau de independência e tamanho exercem influência sobre a probabilidade de uma empresa não financeira praticar interlocking financeiro.
As empresas da amostra que praticam interlocking financeiro possuem maior número de membros no conselho de administração, maior grau de independência e maior porte. Isto pode ser atrelado ao fato de que as empresas maiores buscam mais recursos junto à rede bancária, e que as empresas com maior grau de independência propaguem a ideia de multiplicação da expertise por parte do gestor. Os resultados contrariam a Teoria da Dependência de Recursos, quando se trata de interlocking financeiro, já que a situação econômico-financeira não apresentou relação com a prática de interlocking financeiro.
Pfeffer, J. (1972). Size and composition of corporate boards of directors: the organization and its environment. Administrative Science Quarterly, 17(2), 218-228. Pfeffer, J., & Salancik, G. R. (1978). The external control of organizations. New York: Harper and Row. Ribeiro, F., & Colauto, R. D., & Clemente, A. (2016). Determinantes da formação de board interlocking no mercado de capitais brasileiro. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, 10(4), 398-415.