Resumo

Cresce a influência de tecnologias móveis por meio de aplicativos que impactam a experiência e o consumo de serviços de saúde. Um conceito-chave que perpassa a discussão sobre m-health é o do empoderamento do usuário de serviços de saúde, tema que passou a ser compartilhado por diversos campos de pesquisa.

Este artigo pretende analisar como os aplicativos móveis de saúde contribuem para o empoderamento de usuários de serviços de saúde; identificar as funcionalidades do aplicativo objeto de pesquisa de acordo um modelo de empoderamento aplicado a m-health e analisar o impacto das dimensões de empoderamento aplicado a m-health.

A fundamentação teórica considera a literatura acadêmica para os principais construtos que suportam a investigação em torno da pergunta de pesquisa, a saber: (i) empoderamento do cliente, neste artigo entendido do usuário de serviços de saúde e (ii) m-health. Por fim, foi proposto um modelo de pesquisa e hipóteses teóricas apropriadas para o problema e objetivos propostos.

Optou-se pela pesquisa quantitativa com o estudo de caso único do aplicativo Canguru que tem nas mulheres gestantes brasileiras seu público-alvo e se posiciona como uma solução que torna a mulher empoderada para uma gravidez saudável. Até abril de 2018, o aplicativo contava com 99.709 nas plataformas Android e IOS. Como evidências, foram considerados registros em arquivos e questionário estruturado. Foi realizada uma análise descritiva e utilizada Modelagem de Equações Estruturais para avaliar as relações entre as funcionalidades das dimensões do empoderamento com o empoderamento em si.

Foram mapeadas oito funcionalidades do aplicativo objeto de estudo, classificadas em duas dimensões de empoderamento (social e pessoal). Das 99.079 usuárias, 429 responderam à pesquisa de forma completa, 4,3% da população mapeada. As funcionalidades pessoais e sociais do aplicativo exerceram influência significativa e positiva sobre empoderamento. As funcionalidades sociais impactam 2,4 mais que as funcionalidades pessoais. Juntas, as dimensões pessoal e social do empoderamento aplicado ao m-health conseguiram explicar 85,5% da variabilidade do empoderamento.

De uma forma geral, pode-se afirmar que aplicativos de saúde empoderam usuários de serviços de saúde na medida em que oferecem funcionalidades vinculadas às dimensões pessoal e social do empoderamento aplicado a m-health, nos termos propostos pelo modelo de Almunawar et al. (2015), sendo o destaque para o impacto das funcionalidades vinculadas à dimensão social do empoderamento.

Almunawar, M. N., Anshari, M., & Younis, M. Z. (2015). Incorporating customer empowerment in mobile health. Health Policy and Technology, 4(4), 312–319. Akter, S., D’Ambra, J., & Ray, P. (2013). Development and validation of an instrument to measure user perceived service quality of mHealth. Information and Management, 50(4), 181–195. Cameron, J. D., Ramaprasad, A., & Syn, T. (2017). An ontology of and roadmap for mHealth research. International Journal of Medical Informatics, 100, 16–25.