Resumo

Título do Artigo

O QUE ELES PENSAM SOBRE ELAS? Representações Sociais da Mulher Executiva
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Palavras Chave

representações sociais
relações de gênero
mulher executiva

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Temas Emergentes e Modismos em Gestão de Pessoas

Autores

Nome
1 - Camila Veloso Antunes
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
2 - Antonio Carvalho Neto
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - PPGA
3 - Erica Cristina Pereira Lima de Souza
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Coração Eucarístico
4 - Carolina Maria Mota Santos
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS (PUC MINAS) - Administração

Reumo

O estudo das representações sociais vem se expandindo no Brasil nos diferentes campos e áreas do conhecimento, revelando o seu caráter multidisciplinar (Arruda, 2000; 2002; Martins, Carvalho & Antunes-Rocha, 2014; Sá & Arruda, 2000). Na área da Administração, a Teoria das Representações Sociais (TRS) tem sido adotada para o estudo de diversos fenômenos sociais contemporâneos (Martins-Silva et al., 2016), dentre eles as relações de gênero dentro dos espaços organizacionais (Cappelle et al., 2002).
Dentre as perspectivas teóricas que buscam investigar a questão do gênero nas profissões, situa-se a de Acker (1990) que questiona a “neutralidade” de gênero. Acker (1990) afirma que as relações no local de trabalho são permeadas por representações sobre masculinidade e feminilidade que reproduzem as desigualdades de gênero vigentes na sociedade. A fim de ampliar a discussão, este trabalho tem como objetivo investigar, a partir da perspectiva dos homens executivos, quais são as representações sociais em torno da mulher executiva, especificamente sobre a atuação no ambiente de trabalho.
A perspectiva de Acker (1990) se relaciona com o campo das representações sociais, na medida em que busca compreender a natureza simbólica das relações de gênero, através das crenças e valores que as permeiam. Estudos demonstram que a diferenciação entre o masculino e o feminino geram representações no ambiente de trabalho que assumem caráter assimétrico (Amâncio, 1992). Como os fenômenos representacionais são dinâmicos (Moscovici, 1988), a pergunta que se impõe é se a ascensão hierárquica das mulheres não implicaria mudanças nas representações historicamente construídas sobre o feminino.
O objetivo primordial é a descrição das características de um fenômeno, tratando-se, portanto, de uma pesquisa descritiva. A abordagem qualitativa foi adotada, por ser mais indicada quando o estudo é de caráter descritivo e busca o entendimento do fenômeno na sua complexidade (Godoy, 1995). O método adotado foi o estudo de casos múltiplos, sendo analisadas três empresas de grande porte do Brasil, duas do setor minerador e uma do setor automobilístico. A amostra foi composta por 31 executivos, com idade média de 44 anos. Todos ocupam posições de alto nível estratégico nas empresas.
As dimensões de representações sociais emergiram da análise dos dados. Foram identificadas cinco categorias: esforço e comprometimento; lealdade à empresa; disposição para assumir riscos; capacidade de tomar decisões; e capacidade de negociação. A maioria dos entrevistados acha que as mulheres são mais comprometidas e se esforçam mais; que são menos leais à empresa; que são menos centralizadoras e possuem menor poder de decisão; que são emocionalmente frágeis e passivas; e que precisam adotar uma postura mais agressiva para negociar.
No seu conjunto, os relatos indicam que existe uma manutenção das representações sociais tradicionais de gênero, em que são atribuídas às mulheres traços de submissão, dependência, fragilidade, emotividade e responsabilidade pelas tarefas domésticas e cuidados relativos aos filhos. Aos homens, por sua vez, são atribuídos traços de ousadia, independência, poder de decisão e racionalidade. Essas representações, já abordadas na literatura, estabelecem assimetria entre os gêneros no ambiente de trabalho, pois justifica e legitima as diferentes posições objetivas em os dois sexos.
Acker, J. (1990). Hierarchies, jobs, bodies: A theory of gendered organizations. Gender & society, 4(2). Carli, L. & Eagly, A. (2016). Women face a labyrinth: an examination of metaphors for women leaders, Gender in Management: An International Journal, 8(31). Lucifora, C.; Vigani, D. (2016). What If Your Boss Is a Woman? Work Organization, Work-Life Balance and Gender Discrimination at the Workplace, Discussion Papers 9737, Institute for the Study of Labor, Bonn. Moscovici, S. (1988). Notes towards a description of social representations. European journal of social psychology, 18(3).