Resumo

Título do Artigo

PSICODINÂMICA DO TRABALHO DE SERVIDORES DA ADMINISTRAÇÃO E DA EDUCAÇÃO DE UMA PREFEITURA DO INTERIOR DE MINAS GERAIS
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Palavras Chave

Psicodinâmica do trabalho
Prazer no trabalho
Sofrimento no trabalho

Área

Gestão de Pessoas

Tema

Significado do Trabalho, Satisfação e Mecanismos de Recompensa

Autores

Nome
1 - Denis Anisio Socorro Carvalho
Centro Universitário UNIHORIZONTES - Belo Horizonte
2 - Luiz Carlos Honório
Centro Universitário UNIHORIZONTES - Centro Universitário Unihorizontes

Reumo

A Psicodinâmica do Trabalho identifica que os principais elementos organizacionais que podem impactar a saúde física e mental dos trabalhadores, são: ausência de reconhecimento, pouca liberdade criativa, divisão e padronização de tarefas, rigidez hierárquica, baixo envolvimento na tomada de decisão e subutilização da competência técnica entre outros. Assim, se a organização oferece condições favoráveis para os trabalhadores, tal realidade pode levá-los ao prazer, e, se as condições forem desfavoráveis, eles podem experimentar o sofrimento ocupacional (DEJOURS, 2014).
A reestruturação ocorrida na instituição pesquisada beneficiou a adequação de espaços físicos para atendimento do município, entretanto ações para melhoria na qualidade do ensino e o cumprimento de metas acarretaram pressão no trabalho. Tratam-se de elementos que evidenciam como a organização do trabalho pode interferir na manutenção do equilíbrio psíquico (DEJOURS, 2014). Tendo essa problemática em mente, o estudo buscou descrever as vivências de prazer e sofrimento experimentadas por servidores das secretarias da Administração e Educação de uma prefeitura localizada no interior mineiro.
A Psicodinâmica do Trabalho estuda os processos psíquicos do trabalhador e suas relações com a organização. A abordagem considera os trabalhadores como indivíduos dotados de desejos. Quando esses indivíduos interagem com o trabalho prescrito, pode acontecer o confronto com a sua realidade, gerando prazer ou sofrimento (GAULEJAC, 2008; DEJOURS, 2014). Para minimizar os efeitos do sofrimento sobre a saúde mental no trabalho, os trabalhadores fazem uso de mecanismos de defesa para manter a normalidade no trabalho e evitar riscos de adoecimento ocupacional (DEJOURS, 2007).
A pesquisa realizada é de qualitativa, cujo objetivo foi descrever as manifestações de prazer e sofrimento dos servidores públicos das Secretarias de Administração e de Educação da prefeitura estudada. Participaram da pesquisa 22 servidores efetivos e contratados, sendo 10 da Secretaria de Administração e 12 da Secretaria de Educação. A técnica de levantamento dos dados foi a entrevista, os quais foram tratados mediante a utilização da análise de conteúdo. As categorias de análise foram definidas a partir dos depoimentos colhidos com os entrevistados.
Os resultados evidenciaram que as principais vivências de prazer experimentadas pelos servidores são a realização profissional, o reconhecimento institucional e a ética no trabalho. Entre as principais vivências de sofrimento estão a falta de reconhecimento da sociedade, a pressão por resultados, o esgotamento físico e mental, a insegurança profissional e a dificuldade de compatibilizar as esferas de vida privada e ocupacional. O envolvimento com atividades religiosas se revelou como o principal mecanismo para lidar com o sofrimento no trabalho.
Verificou-se que os servidores estudados vivenciam prazer e sofrimento no trabalho, corroborando a literatura sobre a Psicodinâmica do Trabalho. O estudo evidencia especificidades entre os elementos que caracterizam a dinâmica de seus trabalhos. Entretanto ficou manifesto que determinados elementos da organização do trabalho, por exemplo, a burocracia excessiva, torna os servidores pesquisados, indistintamente, impedidos de realizar o trabalho como se deseja e, por consequência, questionar a qualidade do que produzem. Tais elementos podem conduzir a riscos futuros de adoecimento laboral.
DEJOURS C. Vulnérabilité psychopathologique et nouvelles formes d’organisation du travail (approche étiologique). L’Information psychiatrique, v. 83, n. 4. p. 269-275, avril 2007. DEJOURS, C. Work and self-development: the point of view of the psychodynamics of work. Critical Horizons, v. 15, n. 2, p. 115-130, 2014. GAULEJAC, V. Approche socioclinique de la souffrance au travail. International Review of Sociology, v. 18, n. 3, p. 433-441, 2008.